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Coluna do PVC

Leicester não tem comparação com Blackburn e faz campanha inédita

PVC

06/02/2016 11h33

No dia 6 de fevereiro de 2015, o Leicester estava na lanterna do Campeonato Inglês. Tinha 17 pontos, três a menos do que o Burnley, 46 pontos abaixo do Chelsea, o líder. Neste sábado, 6 de fevereiro, um ano depois de passar sufoco para se salvar, o Leicester foi ao estádio Ettihad e fez 3 x 1 no Manchester City. Não há similar na história da Premier League.

A última vez que um clube foi lanterna em um ano e líder no outro aconteceu no Natal de 1988. O Norwich havia ocupado a rabeira em 1987, um ano antes. Era líder no campeonato mais tarde vencido pelo Arsenal, com o Liverpool, papão da década de 80, segundo colocado.

Não há comparação também com o Blackburn, o mais pobre dos campeões depois da criação da Premier League, em 1992. Na temporada 1994/95, o Blackburn ganhou o Campeonato Inglês com a dupla de ataque Alan Shearer e Chris Sutton, o goleiro Flowers, o técnico Kenny Dalglish. Tinha dinheiro demais do empresário da cidade Jack Walker. Na temporada anterior, havia sido vice-campeão, atrás do Manchester United, e quarto colocado na temporada 1992/93.  O crescimento do Blackburn foi gradual.

O Leicester é um relâmpago.

Há dinheiro por lá, do empresário tailandês Vichai Srivaddhanaprabha, mas é completamente diferente do que acontece com o sheik Mansour bin Zayed do Manchester City ou com o russo Roman Abramovich. Há cinco anos, o jornal inglês The Guardian publicava matérias sobre o desejo da Premier League de ter mais equilíbrio. Voltar um pouco ao tempo em que era imprevisível definir o campeão. Entre 1960 e 1969, houve oito campeões: Burnley, Tottenham, Ipswich, Everton, Liverpool, Manchester United, Manchester City e Leeds United.

De 1993 para cá, só cinco: Manchester United, Manchester City, Arsenal, Chelsea e Blackburn.

A tentativa de equilibrar o torneio dá resultado. O Tottenham também briga para ser campeão e pode fechar a rodada em segundo lugar, se vencer o Watford. Não ganha a taça desde 1961, não chega nem em terceiro lugar desde 1990.

O equilíbrio faz muito bem à competição. O Leicester faz esquecer até que o título não está ganho. Em 2012, o Manchester United liderava com oito pontos de vantagem quando faltavam seis rodadas. O Manchester City virou e foi campeão. Em 2014, a quatro rodadas do fim, o Liverpool tinha seis pontos a mais do que o City, terceiro colocado com um jogo a menos. Também foi o time do sheik o vencedor. A conquista da Premier League é a imprevisibilidade. Nem a vitória espetacular do Leicester na casa do Manchester City vai diminuir essa percepção nas próximas treze rodadas.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.