A última homenagem a Johan Cruyff: o pênalti em dois toques
No dia em que Messi e Luis Suárez surpreenderam o mundo com o pênalti em dois toques, Johan Cruyff deu uma de suas últimas declarações. Falava sobre a luta contra o câncer de pulmão: "Estou no intervalo do jogo e vencendo por 2 x 0." A frase otimista e a cobrança histórica de Messi e Suárez pareciam uma homenagem ao maior craque holandês de todos os tempos. O próprio Cruyff cobrou um pênalti assim em 1982, em tabelinha com o dinamarquês Jesper Olsen.
Cruyff não foi apenas um gênio. Fazia o centroavante jogar como uma espécie de falso nove, até pela camisa 14 que vestia, muito antes de Messi fazer o mesmo sob o comando de Guardiola. Aprendeu e espalhou a cultura do futebol total.
Era exigente como técnico como se quisesse que todos tivessem sua disciplina e talento. Em 1994, no intervalo de um jogo pela Copa do Rey, contra o Sporting Gijón, tirou Romário de campo três dias depois de o craque brasileiro ter marcado três gols contra o Real Madrid numa goleada por 5 x 0. Ao final da partida, na sala de imprensa do estádio Camp Nou, perguntei a ele o que pensava sobre Romário. Respondeu: "Ele é um gênio, mas gostaria que marcasse um gol por partida em vez de fazer três gols em um jogo e passar três jogos sem marcar."
Naquela mesma temporada chegou a sua segunda decisão de Champions League e foi derrotado pelo Milan por 4 x 0. Dois anos antes, tinha transformado a história do Barça, dando ao clube catalão seu primeiro título da Copa dos Campeões da Europa.
Como jogador, já havia ajudado a transformar a história do clube, quebrando um jejum de catorze anos sem o título espanhol e aniquilando o Real Madrid com outra goleada por 5 x 0. Na verdade, Cruyff mudou os conceitos do futebol não só na Catalunha. No mundo inteiro.
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