O ídolo, o técnico e a demissão são três coisas distintas
O ídolo Rogério Ceni sempre será o mito na história do São Paulo e no coração da torcida. Estará nas lembranças, nos quadros, nas imagens registradas em vídeo, fotografias e no Memorial das Conquistas, no Morumbi. Isto não se confunde com o técnico e toda vez que alguém mistura as estações dificulta o entendimento de que o ídolo persiste, porque nunca mais errará. É ídolo pelo que fez. Não pelo que faz nem pelo que fará. Deve ficar numa estante, separado de todo o resto. Como disse Rogério Ceni na entrevista coletiva depois do jogo contra o Fluminense, "eu já separei o mito do técnico, vocês é que precisam separar."
Isto não significa que a demissão tenha sido justa. Significa que é preciso analisá-la de um ângulo diferente, sem misturar o mito com o treinador. A queda de Paulo Roberto Falcão, em sua terceira passagem como técnico do Internacional, não foi injusta por ele ser o maior jogador da história colorada. Foi injusta porque ele só pôde dirigir cinco partidas.
Rogério Ceni dirigiu o São Paulo por 37 jogos e teve 49,5% de aproveitamento. É menos do que o São Paulo deveria oferecer a qualquer treinador. A Juan Carlos Osorio e Edgardo Bauza, que pediram demissão, a Doriva, dispensado após sete partidas. Com todo o respeito, demitir Doriva após apenas sete chances foi mais injusto do que demitir Rogério após 37 jogos.
Mas a queda da tarde de segunda-feira é injusta… com o São Paulo. Injusta com a história de um clube usual em dar chance de o trabalho ter início, meio e fim. Em contratar e demitir com base em um projeto e não na procura de um escudo, que proteja decisões incoerentes de dirigentes preocupados com a repercussão dentro do Conselho Deliberativo, do clube social e das arquibancadas. Rogério tornou-se ídolo por sua incrível capacidade como goleiro e por jogar num período de planejamento e, conseqüentemente, de vitórias.
O que teria acontecido com Rogério se atuasse apenas no São Paulo das trocas constantes, entre Telê e Autuori, capaz de vencer dois estaduais, um Super Paulistão e um Rio-São Paulo entre 1997 e 2004? O pecado do São Paulo atual não é Rogério Ceni. É o São Paulo das disputas políticas, das mudanças de técnico, das vendas de jogadores e das derrotas em campo.
Rogério não conseguiu ser o antídoto.
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