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Coluna do PVC

Neymar, o desafio e o dinheiro

PVC

04/08/2017 11h40

Houve um momento na entrevista coletiva de apresentação de Neymar ao Paris Saint-Germain em que ele fechou a expressão. Foi quando um jornalista britânico perguntou se o aspecto mais importante da transferência e sua maior motivação era o dinheiro. Neymar respondeu que o dinheiro nunca foi seu aspecto fundamental. Falou a verdade.

Em 2005, aos 13 anos, convidado pelo Real Madrid, passou um mês na Espanha treinando. No período, conviveu com Roberto Carlos, Ronaldo, Robinho. Voltou ao Santos e recebeu do então presidente Marcelo Teixeira a proposta de um valor de luvas e salário próximo a R$ 20 mil. No Real Madrid, havia a chance de ganhar mais e a perspectiva de ser para os merengues o que Messi estava se tornando no Barcelona. Seu pai conta ter perguntado ao adolescente o que preferia: "Eu quero morar em Santos, pai!"

Neymar ficou.

Em 2010, o Chelsea veio ao Brasil por duas vezes. Pela primeira vez, oferta do West Ham, testa de ferro. Não colou. Então, o Chelsea ofereceu um caminhão de dinheiro a Neymar. Ele ficou no Santos pelo plano de carreira. A mesma coisa se repetiu em 2011, com o Real Madrid. Chegou a fazer exames médicos em São Paulo. Tudo certo… Preferiu permanecer. Nesse período, assinou o contrato em que reduziu em um ano seu compromisso com o Santos.

Em 2013, quando ia ao Barcelona e já havia recebido adiantamento pela prioridade, o Real Madrid entrou de novo na história e ofereceu mais para impedir que se transferisse para a Catalunha. Neymar optou pelo projeto esportivo.

Ninguém aqui dirá que Neymar ganha pouco. Nem poderia.. Mas basta conhecer um pouco sua trajetória para entender que o primordial não é a grana. E se fosse, qual o trabalhador que troca de emprego para ganhar menos em outro lugar. Não se troca de emprego só por causa de dinheiro. Há diversas razões. Você pode não aguentar mais o seu chefe. Mas para mudar de ares, quase sempre se vai para um lugar onde o salário será maior. Não é pecado.

Neymar vai pelo desafio e porque ouviu de muita gente que para continuar se destacando precisa estar longe de Messi. Correr menos para Messi brilhar, ser o astro do time. "Não tem esse negócio de ser melhor do mundo. Ele está muito tranquilo sobre isso", diz uma pessoa que conviveu com Neymar nos últimos dias do Barça.

Ser campeão da Champions League levará ao prêmio de melhor do mundo. Não parece ser este um projeto de curto prazo. Como o presidente Nasser el Khelaifi disse, o sonho é ganhar a Champions, mas sem pressão. Neste momento, o caminho mais curto para ser o melhor do planeta é ganhar a Copa pela seleção brasileira.

Neymar sai do Barcelona e chega ao Paris Saint-Germain porque entende que é o momento de ser a estrela. Todo o resto é conseqüência disso.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.