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Coluna do PVC

Rivais desde o berço

PVC

16/08/2017 10h26

Conta a história que uma das razões do nascimento do Grupo de Regatas do Flamengo, em 1895, foi a admiração das moças pelos remadores do Club de Regatas Botafogo, fundado um ano antes. A rivalidade começou nas competições pelas regatas e pelas garotas.

Quando o futebol rubro-negro nasceu, em 1912, o Botafogo tinha dois títulos cariocas. Os jogadores desciam a rua do Russel em direção à praia do Flamengo, onde treinavam bem pertinho da praia de Botafogo.

Rivais desde o remo no século 19, Flamengo e Botafogo construíram histórias aos montes. Reforçaram-se como adversários nos anos 1960, quando Garrincha destruiu o Flamengo na final de 62, com dois gols e outro contra de Vanderlei, atribuído em muitos textos também a Mané.

Depois com o bi da Taça Guanabara e do Campeonato Carioca em 1967 e 1968. Aquela geração de rubro -negros tem mais bronca do Botafogo do que do Vasco ou Fluminense.

A direção alvinegra até voltou na gestão Carlos Eduardo Pereira a usar a numeração da época, quando Moreira era o lateral direito número 4, Zé Carlos o.zagueiro-central número 2, Leônidas o quarto-zagueiro número 3 e Valtencir o lateral-esquerdo número 6.

Veja a numeração de Luis Ricardo, Igor Rabello, Carli e Victor Luis hoje à noite…

O Flamengo foi castigado até 1972, quando levou 6 x 0 no dia de seu aniversário. Depois, o Flamengo virou… Um texto lindo de Bussunda na edição 1060 de Placar, de junho de 1991, diz que passou a adolescência inteira, perdeu a virgindade, tirou carteira de motorista, titulo de eleitor e sempre faltava alguma coisa. Tinha sempre um alvinegro com seis dedos levantados.

Até que Andrade, número 6, marcou o sexto gol nos 6 x 0 de 1981. Teve ainda o 6 x 1 de 1985, show do lateral Adalberto, pai de Rodrigo, do Valencia.

O Botafogo saiu da fila com gol de Mauricio em 1989 e o Flamengo ganhou seu quinto brasileiro com Júnior como maestro, em 1992.

Pela Copa do Brasil, este será o segundo encontro. No primeiro mata -mata, 2013, deu Flamengo, com empate por 1 x 1 e goleada por 4 x 0.

O capítulo desta noite no estádio Nilton Santos é diferente. Cada um na sua casa, Engenho de Dentro e Maracanã, longe das praias do Flamengo e de Botafogo, onde nasceu a rivalidade, com as moças do século 19.

No futebol castigado do século 21, esta história de rivalidade, com estádio lotado e espetáculo de cores, é um sopro de esperança.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.