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Coluna do PVC

Sem grupo da morte, Copa do Mundo terá surpresas

PVC

01/12/2017 15h58

Não é porque não tem grupo  da morte que não se deva pensar nas surpresas que virão. Porque virão. A análise dos grupos mostra desequilíbrio no B, de Portugal e Espanha contra Marrocos e Irã, mas equilíbrio entre as seleções médias que vão roubar pontos das grandes. Isto vale de alerta para o Brasil. Costa Rica foi campeã da chave de Itália, Inglaterra e Uruguai, em 2014. Em quatro Copas, duas vezes avançou para as oitavas-de-final. Abaixo, a análise grupo a grupo:

GRUPO A

Rússia, Arábia Saudita, Egito e Uruguai

Não duvide do Egito, porque a Rússia é a pior ranqueada das 32 que participarão da Copa do Mundo. Em outubro, quando se definiram os potes, os russos estavam em 65. lugar no ranking. O Egito tem Salah, jogando muito pelo Liverpool. É o time do técnico Héctor Cúper. O favorito da chave é o Uruguai, porque tem Luis Suárez e Cavani. Mas neste ano, o Uruguai não jogou bem.

Palpite – 1. Uruguai, 2. Egito

GRUPO B

Portugal, Espanha, Marrocos e Irã

A Espanha tirou Portugal da Copa nas oitavas-de-final de 2010, com um magro e sofrido 1 x 0, gol de David Villa. Sua seleção não perdeu nenhum jogo em 2017 e está invicta há quinze partidas, desde que Julen Lopetegui assumiu o comando da equipe. Está renovada e forte. Portugal pode chegar à Copa de novo com Cristiano Ronaldo esgotado, como se passou em 2014. Se isto acontecer, o time perde força, apesar da evolução de Gonçalo Guedes. O Irã é dirigido pelo português Carlos Queiroz, mas não tem destaques. O Marrocos, de Zyech, do Ajax, não sofreu gol nas eliminatórias.

Palpite – 1. Espanha, 2. Portugal

GRUPO C

França, Austrália, Peru e Dinamarca

A chance peruana é enfrentar a Dinamarca, mas a equipe de Cueva e Guerrero é mais fraca do que os Danish Dynamyte, de Eriksen, do Tottenham. Em quatro participações em Mundiais, a Dinamarca só foi eliminada na fase de grupos uma vez, pelo Japão, na chave da Holanda, em 2010. A França é a mais forte do grupo. Dirigida por Didier Deschamps desde 2012, é sólida no meio-de-campo e rápida para definir no ataque. Às vezes o que atrapalha é a confusão de Deschamps nas alterações. A Austrália está sem técnico e só vai ter noção do que poderá fazer depois do reinício de trabalho.

Palpite – 1. França, 2. Dinamarca

GRUPO D

Argentina, Nigéria, Croácia e Islândia

É o grupo mais equilibrado da Copa, porque a Nigéria sempre dá trabalho para a Argentina e a Croácia oferece a última chance a Modric, Rakitic e Mandzukic. Desde 1998, os croatas não avançam da primeira fase. A Nigéria, ao contrário. De cinco participações em Mundiais, avançaram três vezes. Jogaram contra a Argentina em 1994, 2002, 2010 e 2014. Sempre perderem por um gol de diferença. O técnico Genoit Rohr tem velocidade na frente. Musa, do Leicester, Iwobi, do Arsenal, e venceu os argentinos por 4 x 2 no amistoso de novembro. A Islândia é forte defensivamente e precisa quando chega ao ataque. Vai vender caro a derrota sempre.

Palpite – 1. Argentina, 2. Islândia

GRUPO E

Brasil, Suíça, Costa Rica e Sérvia

A seleção brasileira terá de treinar para enfrentar duas equipes que jogam com linha de cinco na defesa. A Costa Rica e a Sérvia. O técnico Tite admite a dificuldade e foi um dos fatores de sofrimento contra a Inglaterra, que também jogou com cinco atrás. A Costa Rica foi a campeã do grupo da morte de 2014, contra Inglaterra, Itália e Uruguai, mas terá como rival a Suíça, de Shaqiri, do Stoke City, e Xhaka, do Arsenal.

Palpite – 1. Brasil, 2. Suíça

GRUPO F

Alemanha, México, Suécia e Coreia do Sul

A Coreia do Sul não era tão fraca desde a Copa do Mundo de 1998 e, embora tenha um talento, o atacante Son, do Tottenham, não parece com trabalho suficiente para incomodar. A não ser que tudo mude até junho. O México já tem 42 jogos sob o comando de Juan Carlos Osorio, mas apanhou de 4 x 1 da Alemanha, na Copa das Confederações. Mas o México sempre avança para a segunda fase. Foi assim em suas últimas sete participações. A Suécia é forte. Forsberg do lado esquerdo dá o tom do meio-de-campo e Marcus Berg sabe definir na frente. A Alemanha… Bem, é candidata ao título.

Palpite – 1. Alemanha, 2. México

GRUPO G

Bélgica, Panamá, Tunísia, Inglaterra

Se Kevin De Bruyne jogar tudo o que pode, a Bélgica briga para chegar às semifinais. Isto vale para a Inglaterra de Harry Kane também. Os belgas tiveram o melhor ataque das eliminatórias europeias, empatados com os alemães, com 43 gols. Os ingleses tiveram a melhor defesa da Europa, só três gols sofridos, como a Espanha. São os dois favoritos, mas o Panamá e a Tunísia vão dificultar as vitórias europeias.

Palpite – 1. Inglaterra, 2. Bélgica

GRUPO H

Polônia, Senegal, Colômbia e Japão

É a Copa de Lewandowski. Ele desequilibra e se chegar em boa forma física pode levar a Polônia até onde ela não chega desde os tempos de Lato e Boniek. A Polônia foi eliminada na primeira fase em suas duas últimas participações, em 2002 e 2006. A Colômbia é o time mais talentoso, com James Rodriguez e Falcão Garcia. Mas é irregular. Atenção ao Japão do técnico bósnio Vahid Halihodzic, que classificou a Argélia para as oitavas de 2014. "A semifinal poderia ter sido Argélia e Brasil", disse na zona mista o treinador, referindo-se ao fato de que os argelinos só perderam para os alemães na prorrogação. Atenção também ao Senegal. Salif Keita, Mané, Gueye… Pode dar jogo.

Palpite – 1. Polônia, 2. Senegal

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.