Idolatria de Júlio César mostra que futebol não é feito só de números
Júlio César está de volta ao Flamengo e pode-se discutir profundamente a contratação. Volta para três meses, em que receberá todas as justas homenagens, suprirá a ausência de Diego Alves, enquanto o titular não volta, mas poderá tirar espaço de César, goleiro-emergência de 2017, mas campeão da Copa São Paulo de 2011. Craque o Flamengo faz em casa. Goleiro também, como mostra a história de Júlio César, tricampeão carioca em 2001.
A observação pura de seus números mostra um resultado pobre, incapaz, em teoria, de formar um ídolo. Com Júlio César é diferente.
Foram 284 partidas pelo Flamengo, com 122 vitórias, 70 empates e 92 derrotas. Incríveis 388 gols sofridos, média de 1,36.
Alex Muralha jogou 77 vezes pelo Flamengo e sofreu 60 gols. Média de 0,77.
O número puro também mente, se não estiver contextualizado com a história. Júlio César é muito mais goleiro do que Muralha. Levou muito mais gols, porque à parte as campanhas do tricampeonato carioca de 1999 e 2000, como reserva de Clemer, e 2001, como titular no antológico jogo do gol de Petkovic, Júlio César foi responsável por evitar a humilhação suprema do rebaixamento.
Humilhações menores, Júlio César passou. Levou 5 x 1 do Vasco na final da Taça Guanabara de 2000, com Carpegiani como técnico, 1 x 4 do Fortaleza, 1 x 5 do Vitória, 6 x 1 do Atlético, jogo em que a torcida recebeu a delegação no aeroporto Santos Dumont a socos e pontapés, em 2004.
Mesmo assim, a torcida adora Júlio César. Porque ele salvava.
Ser ídolo do Flamengo é sinal de que os números não explicam tudo. Bem lidos, ajudam muito a interpretar as coisas. Não se deve abrir mão deles. Apenas ser bom senso para analisá-los.
Jogar no Flamengo por um salário simbólico, enquanto Diego Alves não volta, pode ser uma homenagem por um preço justo.
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