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Coluna do PVC

Lopetegui entra num grupo seleto de técnicos que saíram em plena Copa

PVC

13/06/2018 09h04

Julen Lopetegui entrou na sala de entrevistas coletivas com os jornais espanhois divulgando que os jogadores conseguiam segurá-lo no cargo. Mas a fúria do presidente da Real Federação Espanhola de Futebol, Luis Rubiales, foi maior. Rubiales assumiu a presidência da Federação em maio, substituto de Angel Maria Vilar, acusado de corrupção, preso em julho, solto em agosto e destituído em dezembro.

Demitir Lopetegui é uma maneira de Rubiales mostrar força. Na noite de terça-feira, sua primeira declaração foi de que tomaria a melhor decisão para a seleção espanhola. Não parece. Melhor cenário seria ser diplomático, engolir em seco e nunca mais olhar na cara de Lopetegui, mas só depois da Copa do Mundo.

Razão para se sentir traído, Rubiales tem. Cabia a Lopetegui avisar o que estava se passado, como avisou ao capitão Sergio Ramos. Poderia perfeitamente ser técnico da Espanha e depois assumir o Real Madrid, mas o processo deveria ser claro para que ninguém se sentisse passado para trás. Carlos Alberto Parreira avisou, durante o Mundial de 1994, que assumiria o Valencia depois da final. Todo mundo sabia. Foi campeão mesmo assim.

O diário MARCA publica as mensagens enviadas por Rubiales para o Real Madrid: "Se alguém quer engatilhar uma relação com um trabalhador da Federação tem que falar com o trabalhador, mas também com a Federação. A seleção é o mais importante que temos e um Mundial é o compromisso máximo." "O Real Madrid busca um técnico, o melhor. É lícito. Não tenho por que julgar ao Real Madrid. Mas não se podem fazer assim as coisas e menos ainda a cinco minutos antes do anúncio. Nos vemos obrigados a tomar a decisão, porque a seleção é a equipe de todos os espanhois. Ter os melhores é importante, mas como se faz as coisas é mais ainda. Ganhar é muito importante, mas a forma de trabalhar é mais ainda."

Lopetegui deixa a seleção espanhola após vinte jogos, 14 vitórias, 6 empates e gols marcados em todos os vinte compromissos. Embora tenha deixado o cargo a 48 horas da estreia, dá para juntá-lo a dois outros casos incríveis. Carlos Alberto Parreira foi demitido pela seleção da Arábia Saudita após duas derrotas na Copa de 1998 e antes do terceiro jogo. Andy Beattie pediu demissão da seleção da Escócia depois de perder por 1 x 0 para a Áustria. Depois da saída do treinador a Escócia piorou e levou 7 x 0 do Uruguai.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.