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Coluna do PVC

Posse de bola ganhou Copas mas derrete favoritos na Rússia

PVC

05/07/2018 09h51

Há quatro anos, a Copa do Mundo do Brasil foi vencida pela Alemanha, recordista no critério posse de bola durante o torneio. A vice-campeã, Argentina, foi também a segunda colocada em posse de bola, segundo levantamento do jornal L'Equipe. Há uma conta diferente do Footstats, para quem as três melhores médias de posesión, como se diz na Espanha, foram da Itália, Japão e Espanha, todas eliminadas na fase de grupos.

Levando em consideração o ranking publicado na edição de hoje do L'Equipe, as duas últimas Copas do Mundo foram vencidas pela seleção que mais controlou o jogo com bola no pé. Em 2010, a Espanha teve 64,1% de posse de bola. Em 2014, a Alemanha venceu com 66,7%.

A reversão dessa tendência começou na Eurocopa 2016. Portugal foi campeão e teve 44% de posse de bola. Apenas 15 dos 51 jogos foram vencidos por quem teve mais bola no pé (29%). Na Rússia, só 24 dos 56 jogos foram vencidos por quem controlou a bola (42%).

Nesta Copa do Mundo, os oito classificados para as quartas-de-final figuram no ranking abaixo do terceiro lugar. O Brasil é o quarto, a Bélgica o quinto colocado nesse critério. Ambos se enfrentam em Kazan às 15h desta sexta-feira em busca de uma vaga nas semifinais e lideram outro ranking da Copa do Mundo: finalizações.

Os belgas lideram com 74 chutes ao gol, contra 71 do Brasil. Em média, quem ganha nesse critério é a Alemanha, já eliminada: 22,3 por partida. A Bélgica chuta 18,3 e o Brasil 17,8 a cada noventa minutos. Em 2014, a Alemanha foi a 11a colocada em média de finalizações.

O portal Footstats detecta que o Campeonato Brasileiro raramente é vencido pelo time com mais posse de bola. O número de finalizações é mais decisivo. O Flamengo é o líder do Brasileirão e o time que mais finaliza. É semelhante a situação na Premier League, onde o Manchester City foi o primeiro campeão da década com liderança na posse de bola. Na Espanha e na Alemanha, o campeão normalmente é quem tem mais a bola, provavelmente porque Bayern e Barcelona, hegemônicos nesta década, usam a bola no pé como premissa da construção de seu jogo.

Está claro que o problema na Rússia não é ter ou não ter a bola, mas inventar vazios nas defesas adversárias para fazer gols. A Bélgica é quem mais finaliza e tem o melhor ataque. O Brasil é o segundo em número de chutes a gol, mas apenas o quinto ataque. A Copa de 2014 foi vencida pelo time de melhor ataque. A de 2010, pela melhor defesa.

Abaixo, a posição no ranking de posse de bola dos oito finalistas e os três primeiros colocados nesse critério:
1. Espanha – 71,3%
2. Alemanha – 67,3%
3. Argentina – 62,8%
4. Brasil – 58,0%
5. Bélgica – 56,8%
9. Inglaterra – 53,5%
10. Croácia – 53,0%
15. França – 50,3%
18. Uruguai – 48,3%
21. Rússia – 40,5%
23. Suécia – 37,8%

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.