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Coluna do PVC

Mourinho vive outra crise da terceira temporada

PVC

20/08/2018 12h38

José Mourinho deu volta olímpica na Friends Arena, em Estocolmo, levantando a mão com três dedos estendidos. Ao final de sua primeira temporada no Manchester United, 2016/17, festejava as três taças conquistadas: Community Shield, Copa da Inglaterra e Liga Europa. Ainda que fossem torneios de segundo nível diante de tudo o que o Manchester United venceu sob o comando de Alex Ferguson, eram justos os três dedos erguidos. Era só a primeira temporada.

O problema é que um ano e meio depois, no início de sua terceira temporada, a paciência de torcida e jogadores com ele já não é igual. Mourinho vive pela quarta vez em sua carreira desgaste evidente ao começar sua terceira temporada no mesmo clube. Foi assim no Chelsea, no Real Madrid, no retorno a Stamford Bridge e agora em Old Trafford. Os torcedores da Internazionale morrem de saudade. Mourinho saiu de lá campeão da Champions League, ao final de seu segundo ano de contrato.

O número três serve para explicar a síndrome do terceiro ano, por causa dos 3 x 2 sofridos contra o Brighton, no domingo (19). Quando chegou ao Chelsea pela primeira vez, campeão da Champions League pelo Porto, a compactação defensiva era marca da equipe de José Mourinho. Ricardo Carvalho, o principal zagueiro da equipe, parecia ter um ímã nos pés, que atraía o couro da bola e impedia os atacantes adversários de entrarem em sua grande área. O Chelsea foi campeão inglês com a defesa menos vazada da história do futebol inglês: 15 gols.

Naquela temporada, o Chelsea levou 51 jogos para sofrer três gols em uma única partida. Quando caiu contra o Bayern de Munique, por 3 x 2, nas quartas-de-final da Champions League, festejou a classificação para as semifinais, porque havia vencido por 4 x 2 em Londres. No retorno ao Chelsea, foi semifinalista da Champions League de 2014 e vice-campeão inglês, atrás do Manchester City, de Manuel Pellegrini. Venceu a Premier League na temporada seguinte, mas caiu nas oitavas-de-final da Champions contra o Paris Saint-Germain.

A terceira temporada começou com o claro desgaste e depoimentos de jogadores que davam conta de não aguentarem mais a relação. Mourinho foi demitido em dezembro, em 16o lugar no Campeonato Inglês, mais tarde vencido pelo Leicester. A demissão se consumou exatamente depois de uma derrota para o futuro campeão, mas depois de quatro insucessos com sua defesa sofrendo três gols, contra Manchester City, Everton, Southampton e Liverpool.

Mourinho inicia sua terceira temporada em Old Trafford com problemas nos jogos preparatórios — levou 4 x 1 do Liverpool, venceu o Real Madrid, empatou com o Milan e perdeu do Bayern — e com derrota por 3 x 2 para o Brighton. Pelo primeiro tempo, poderia ser pior. Fala sobre sua relação com Paul Pogba, que nunca foi melhor, mas reclama da falta de reforços, discute publicamente com Jurgen Klopp e com o Manchester City, questiona a falta de elegância dos adversários, mas não resolve seus próprios problemas.

Hoje, Manchester City, Liverpool e Tottenham parecem mais fortes do que o Manchester United.
A terceira temporada para Mourinho foi o fim da linha no Chelsea (2007), Real Madrid (2013), Chelsea (2016). A crise do Manchester United não é só de seu técnico. O clube precisa achar o caminho jamais encontrado depois de Ferguson. A pergunta é se Mourinho vai sobreviver a seu desgaste e ao momento de instabilidade de seu clube.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

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O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.