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Coluna do PVC

O Brasileirão mais equilibrado da história

PVC

24/09/2018 08h05

Dos 15 Campeonatos Brasileiros em turno e returno, entre 2003 e 2017, apenas um chegou à 26a rodada com os cinco primeiros colocados divididos por quatro pontos, como o atual. Só aconteceu em 2004, quando entre o líder, Santos, e o sétimo colocado, São Paulo, a distância era de 47 para 44. Mas aquela temporada foi disputada por 24 participantes, 46 rodadas. Quando se estava a 12 jogos do fim da campanha, o Atlético Paranaense liderava e o São Paulo, quinto lugar, estava onze pontos atrás.

O Brasileirão 2018 é diferente de tudo. O São Paulo ocupa a liderança com 51 pontos, Palmeiras é segundo colocado com 50, à frente do Internacional, com os mesmos 50, apenas pelo saldo de gols. O Flamengo, em quarto com 48, e o Grêmio, em quinto com 47, também sonham com o troféu, faltando doze partidas para o fim. Há um ano, o Corinthians estava disparado na frente com 56 pontos, nove a mais do que o Santos. Do primeiro ao quinto lugar, a distância era de 15 pontos. Agora, são quatro.

É muito justo discutir o nível técnico no Brasil. O torneio com menor média de gols desde 1990 precisa recuperar a vocação pela rede adversária. Por outro lado, a média de público de 18 mil, ainda ridícula, é a maior dos últimos 31 anos. E a disputa pela taça está imprevisível.

Não peça para este colunista dizer que o Brasileirão está nivelado por baixo, porque esta frase foi lida pela primeira vez numa edição da revista Placar, em 1982. Um comentarista da rádio Gazeta apostava no título do Corinthians para o Paulistão, marcado pela Democracia Corinthiana, argumentando que a equipe de Sócrates era quem se destacava numa temporada "nivelada por baixo." O estadual daquele tempo tinha Sócrates, Casagrande, Zenon, Marinho Chagas, Serginho Chulapa, Renato, Pita, João Paulo, Careca, Jorge Mendonça, Luís Pereira…

Para fugir do chavão, digamos que o Brasileiro está nivelado e seu patamar não se compara com o de outros países. Por outro lado, se as exportações são tantas, parece melhor uma disputa imprevisível do que conhecer o campeão antes de o primeiro turno terminar. Desnivelados, os torneios nacionais da Europa são brilhantes tecnicamente e óbvios nas brigas pelo troféu. Na 26a rodada da temporada 2017/18, o Paris Saint-Germain, o Manchester City e a Juventus tinham 66 pontos, o Bayern chegou a 65 e o Barcelona tinha 60. Só havia dúvida sobre o campeão na Espanha — e olhe lá.

A graça do Brasileirão não é ter os melhores craques nem os times mais espetaculares. É não saber o que vai acontecer na próxima rodada.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.