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Coluna do PVC

Corinthians anda para a frente

PVC

17/01/2019 12h01

O primeiro clube brasileiro a vestir uma camisa com patrocinador foi a Caldense, em 1981. O primeiro grande clube, o Corinthians. Na final do Campeonato Paulista de 1982, Sócrates e Casagrande estrearam o manto listrado, preto e branco, com a inscrição "Bom-Bril", apenas nas costas, como mandava a legislação. Nessa decisão, São Paulo apresentou a marca Cofap, também na parte de trás de seu uniforme.

Depois do episódio "Bom-Bril", veio a fábrica de amortecedores Cofap, no ano seguinte, as duchas Corona em 1984, a Kalunga, entre 1985 e 1994.

Em 1995, vieram as Tintas Suvinil, depois banco Excel, Pepsi e a história seguiu até a camisa limpa dos últimos 21 meses, exceto por acordos pontuais.

Quando o patrocínio entrou no futebol, havia debates entre os que julgavam que sujar os mantos sagrados seria pecado e os que entendiam que a propaganda era inevitável, único caminho para sanear as contas. Como se sabe, não aconteceu nem uma coisa nem outra. Nem é pecado usar publicidade nas camisas nem os clubes se resolveram com os anúncios. Daí que nos últimos anos houve uma tendência de afirmar que não é preciso mais patrocinadores nas camisas, porque o dinheiro é irrisório, comparado com o das cotas de TV.

Na Europa, há times que se viram sem patrocinadores. Pura necessidade. A Roma ficou quatro temporadas sem sponsor, antes de assinar com a Qatar Airways. Não era por filosofia, como foi do Barcelona por toda sua história até 2006, quando começou a estampar a marca da Unicef.

No caso do Corinthians, assinar um novo contrato de patrocínio significa andar para a frente. Porque Andrés Sanchez assumiu a presidência do clube, em 2018, com receita semelhante àquela que deixou em 2012: R$ 390 milhões. A lembrança de que os faturamentos dos clubes multiplicaram-se quase por dez vezes nos últimos dez anos e que o Corinthians saltou de R$ 70 milhões/ano para R$ 400 milhões anuais contrasta com os balanços atuais de Flamengo e Palmeiras, na casa dos R$ 600 milhões.

O Palmeiras tem 28% da receita proveniente do programa de sócio torcedor, somado à bilheteria. Consegue quase dividir com mais um quarto em direitos de TV, um quarto de patrocinador, um quarto de venda de jogadores. Na Inglaterra, a lógica é um terço do faturamento proveniente de televisão, um terço de patrocínios e um terço de bilheteria. Não se conta com vendas de jogadores.

O Corinthians tem de resolver o pagamento do estádio. Isto à parte, sua receita salta para perto de R$ 440 milhões com R$ 500 milhões de dívida. Deste valor de débito, R$ 290 milhões estão financiados pelo Profut, de acordo com o clube.

É hora de arrecadar mais e se aproximar de Flamengo e Palmeiras. Por isso, o contrato com o BMG é bem-vindo.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.