Flamengo só teve estreia com mais público com Zico e Sócrates juntos
A tarde de 16 de fevereiro de 1986 está na história como a única em que Zico e Sócrates jogaram juntos pelo Flamengo uma partida oficial. Era a primeira rodada do Campeonato Carioca, inaugurado com Fla-Flu. A dupla tinha disputado dois amistosos, contra o West Raffa, do Bahrein, e contra a seleção do Iraque. Contra o Fluminense, Zico marcou três vez e Bebeto fez o outro. Leomir, hoje assistente de Abel Braga, na Gávea, marcou para o Tricolor. Flamengo 4 x 1 Fluminense.
Havia 84 mil espectadores. Nunca mais o Flamengo levou tanta gente a uma estreia de Campeonato Estadual desde que Sócrates e Zico atuaram juntos. Nem mesmo numa abertura com Flamengo e Vasco, que reestreava Dirceu, em 1988. Daquela vez, trinta anos atrás, houve 37 mil espectadores, Maracanã com 18,5% de ocupação.
Houve 44 mil torcedores em Flamengo 0 x 3 Olaria, em 2005. Mas, desde 1986, o Flamengo não estreava num estadual com tanto público quanto contra o Bangu, no domingo (20). Foram 46 mil espectadores presentes, 43 mil pagando ingressos. A demonstração é de que há grande curiosidade com o time que gastou R$ 108 milhões para contratar De Arrascaeta (63), Gabriel (0), Rodrigo Caio (22) e Bruno Henrique (23).
Não se trata de interesse pelo Campeonato Carioca. Claro que não. A demonstração é de que a torcida não está pensando se o estadual vale muito ou vale pouco. O que vale para quem foi ao Maracanã é o Flamengo.
Vale muito em qualquer circunstância e a lógica vale para todos os clubes gigantes. Ano passado, o Cruzeiro estreou diante de 33 mil pessoas contra o Tupi e levou 45 mil à semifinal contra o mesmo adversário, de Juiz de Fora. Teve média de torcedores maior no Campeonato Mineiro do que no Brasileiro. Não porque o estadual valha mais. Porque, para o torcedor, vale mais ser campeão em sua aldeia do que oitavo lugar no Nacional. Na Copa do Brasil e na Libertadores, as médias cruzeirenses foram melhores.
A comparação rubro-negra, até mesmo com Campeonatos Brasileiros, registra raríssimas estreias com mais público do que os 46 mil de domingo, contra o Bangu. Em 53 participações no Campeonato Brasileiro, contabilizada a unificação, só cinco vezes o Flamengo inaugurou sua participação no torneio nacional com mais espectadores do que os 46 mil do domingo.
Aconteceu em 1980 (73 mil contra o Santos, no Morumbi), 1982 (85 mil contra o São Paulo, no Maracanã), 1983 (68 mil contra o Santos, no Maraca), 1985 (50 mil contra o Atlético) e 2013 (63 mil com mando do Santos, em Brasília).
Há de se considerar os 52 mil do ano passado, primeiro jogo do Brasileirão no Maracanã, despedida de Júlio César, contra o América Mineiro. E os 42 mil contra o Atlético, em 2017, que não superaram Flamengo x Bangu, mas se aproximaram. Nos últimos três anos, o Flamengo arrasta multidões, como só fez em inícios de campeonatos dos anos 1980. Até mesmo em 1976, recorde de espectadores do Campeonato Carioca em todos os tempos, o Flamengo estreou no Maracanã contra o Madureira diante de 30 mil torcedores.
Chame o torcedor que vai à arquibancada hoje em dia pelo nome que quiser: ele está interessado. Está claro que o Campeonato Carioca não o encanta. O que o seduz é seu clube. Ninguém vai ao Camp Nou para ver o Campeonato Espanhol ou a Copa do Rey. Vai ver o Barcelona. Os 46 mil que visitaram o Maracanã e produziram o maior público numa estreia do Flamengo em 32 anos foram ver seu time do coração. Isso vale muito mais do que qualquer campeonato.
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