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Coluna do PVC

Bahia demonstra em números por que o Brasil não tem bons times

PVC

11/03/2019 13h53

Dos vinte clubes da Série A, só Bahia e Santos não tiveram nenhuma semana cheia de treinos, desde que o futebol retornou das férias, em janeiro. O Santos fez seu primeiro jogo, contra a Ferroviária, dia 19 de janeiro. O Bahia estreou contra o CRB, pela Copa Nordeste, dia 16. De lá para cá, são 14 partidas do Santos e 17 do Tricolor de Aço. "Você perde o refino, a chance de trabalhar situações específicas. E também o gesto técnico, a maneira como o jogador vai se comportar em campo", diz Enderson Moreira, treinador do Bahia.

As declarações de Fábio Carille e Jorge Sampaoli, depois do clássico Corinthians 0 x 0 Santos, reacenderam o debate sobre por que o Brasil não tem jogos melhores nem times mais encantadores. Carille disse que o excesso de partidas é parte importante disso. Sampaoli não desmentiu o colega, mas afirmou que precisa adaptar seu time ao que as tabelas exigem. Debate semelhante aconteceu na Inglaterra semana passada. Mauricio Pocchettino, do Tottenham, e Maurizio Sarri, do Chelsea, reclamaram da necessidade de disputar cinco jogos em quinze dias. Unai Emery, do Arsenal, afirmou que Premier League determina e ele joga.

O caso do Bahia é o mais grave de todos. Se chegasse às finais de todos os torneios que disputa, o Tricolor de Aço poderia terminar 2019 com 94 partidas. De seus 17 jogos em 40 dias, tem sete vitórias, oito empates e duas derrotas. Um time inglês, país recordista na Europa, pode alcançar 66 partidas, mais eventuais replays da Copa da Inglaterra. O máximo das últimas temporadas foi do Manchester City, que entrou em campo 64 vezes na temporada 2016/17. Foram 82 oficiais do Flamengo, em 2017.

O contraponto é necessário. Dos vinte clubes da Série A, só Bahia e Santos não tiveram nenhuma semana cheia de treinos desde o fim das férias.

A lembrança de que o São Paulo já chegou a disputar 97, no ano do bi mundial (1993), produz pergunta a Enderson Moreira, respondida assim: "Embora a quilometragem hoje seja semelhante à de 25 anos atrás, a intensidade da movimentação é hoje muito maior.

Em outras palavras, é mais difícil jogar três partidas por semana em alto nível hoje do que era há 25 anos. Também era para dar errado naquela época, também se criticava, e funcionou. Um caso.

O Bahia tem mais do que os 17 jogos em 40 dias. "Jogamos sete partidas fora de casa em um mês", lembra Enderson Moreira. O Bahia enfrentou o Rio Branco, no Acre, o Vitória, no interior baiano, o Liverpool, em Montevideu, o Fortaleza, no Ceará, Jacuipensse, em Riachão do Jacuípe, o Altos, no Piauí, e o Santa Cruz, no Rio Grande do Norte. Tudo isto entre 13 de fevereiro e 6 de março.

Treina onde?

Enderson Moreira acrescenta que, neste ano, mudou 15 jogadores de seu elenco. "Se você muda até três titulares, mantém a equipe. Caso contrário, é outro time. Tem de montar de novo."

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.