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Coluna do PVC

Por que Santos x Corinthians contribui para o debate do futebol

PVC

09/04/2019 13h05

O que o Santos podia fazer diferente? Empurrar o Corinthians para a defesa, obrigá-lo a jogar no mano a mano. Para quem conhece o trabalho de Jorge Sampaoli, isto parecia claro. Liberar Victor Ferraz como meia, abrir Carlos Sánchez como ponta, deixar Diego Pituca como vigia de Pedrinho, mas obrigar o corintiano a se preocupar com sua marcação, escalar Alisson como volante, mas observando a subida de Clayson. Era Gustavo Henrique e Aguilar com Gustavo, um na marcação, outro na sobra. O resto era atacar. Mano a mano na frente e atrás.

Não se trata de novidade tática.

Futebol é um jogo de espaço. Quanto mais espaço você ocupa no campo de ataque, mais obriga o adversário a preencher o campo de defesa. Ou a propor outra alternativa.

Ao Corinthians, pressionado, servia o desarme, a agressividade na marcação e o passe curto. Bola roubada, se o marcador fosse contundente, poderia se tornar posse de bola. Com a bola no pé, não se sofre gol, como se sabe.

Mas o Corinthians não conseguiu jogar assim. O camaleão Fábio Carille muda o estilo a cada partida. Avançou a marcação e dificultou o Santos no 0 x 0 da fase de classificação, compactou-se em dez metros e diminuiu o espaço do Santos, no segundo jogo, recuou e não esperou que Sampaoli fosse para o mano a mano no terceiro encontro.

A pergunta sobre futebol de resultados x futebol arte resume e diminui o debate. Ficou velho. O dilema é jogar bem. Significa, entender cada jogo como é.

De preferência, antes de acontecer, para prever, precaver-se e contrapor a estratégia do adversário.

Sampaoli ia para o mano a mano. Não é revolução. É briga por espaço.

A Fábio Carille faltou na segunda-feira o alerta de tempestade.

O Corinthians escapou.

O Rio de Janeiro, não.

O futebol brasileiro pode entender a discussão que o jogo propõe. É saber a hora de agredir e entender como deve ser a reação. Depende do jogo. Sampaoli nos lembra que podemos ser agressivos com a bola no pé. Mas que isso não depende só do drible. Depende da estratégia e da disputa de espaço.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.