Como o Fortaleza prepara ser um clube de raiz na Série A
A palavra "compliance" é daquelas que o mundo corporativo tenta usar e nem sempre cai nas graças das pessoas. Como ensinou o professor Pasquale, o neologismo não cola se não representar algo que não exista na língua portuguesa. Talvez seja mais justo dizer "processo".
Mas o ponto é que o Fortaleza aposta no "compliance", no fortalecimento das regras de administração criadas na gestão do presidente Marcelo Paz, para impedir aventureiros de entrarem no clube e permitir o crescimento por muito tempo.
Há dois anos, o Fortaleza estava na Série C. No ano passado, foi campeão da Série B, o primeiro título nacional da história do clube, duas vezes vice-campeão da Taça Brasil na década de 1960. Nesta rápida conversa, Marcelo Paz explica o que se fez no Fortaleza e o que se projeta para os próximos anos:
PVC – Como funcionava o Fortaleza antes e o que foi preciso fazer para chegar até a Série A?
MARCELO PAZ – É difícil até dizer como funcionava antes, porque não havia processo. Foi necessário primeiro implantá-lo. Fazer todos os setores seguirem um fluxo. À medida em que as coisas foram avançando, fomos criando demandas. Percebendo novas necessidades e novas oportunidades.
PVC – Por que o compliance só foi implantado um ano e meio após sua gestão se iniciar?
MARCELO PAZ – Porque existiam processos básicos a serem definidos antes, como o planejamento estratégico, profissionalização da diretoria e geração de novas receitas. Com a criação de tudo isso, com o crescimento de tudo isso veio a necessidade de se implantar, para criar um padrão para a gestão.
PVC – Que tipo de oportunidades pode haver?
MARCELO PAZ – Para ampliar nossa receita, é preciso observar as oportunidades. Há coisas a fazer com o licenciamento da marca. Ativar valores da marca Fortaleza, ter maior variedade de receitas. Ser atrativo para investimento exterior. As pessoas põem energia onde acreditam nos resultados.
PVC – Até que ponto a Copa Nordeste ajuda a aumentar receitas e equilibrar a situação com clubes do Sul e Sudeste?
MARCELO PAZ – Não há dúvida de que ajuda, porque nos impõe mais dificuldade técnica e arrecadação do que os estaduais. Auxilia no processo de aproximação dos grandes. Hoje temos uma arrecadação de R$ 70 milhões/ano, aproximadamente.
PVC – Isso é apenas 10% do Flamengo.
MARCELO PAZ – Mais ou menos isso.
PVC – Nesse cenário, é possível imaginar o Fortaleza brigando por vaga na Libertadores ou ser um clube sempre presente na Série A?
MARCELO PAZ – Olha, hoje nós estamos na Série A e é uma luta muito grande para permanecer. Mas, com o trabalho que temos feito e com todo o processo do clube sedimentado, a ambição é sermos um clube de Série A. Fincar raízes na principal divisão do futebol brasileiro.
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