Copa América tem muito mais do que obrigação ou vexame
Na primeira vez em que o Brasil enfrentou a Bolívia em território nacional, houve massacre e polêmica. Vitória por 10 x 1, no Sul-Americano de 1949, com três gols do estreante Nininho, meia da Portuguesa. A crise esboçou-se, porque Mario Filho escreveu no Jornal dos Sports que seleção não era para se fazer concessões aos paulistas, mas para escalar o melhor time. Flávio Costa tirou cinco titulares e trocou-os por cinco jogadores de clubes de São Paulo. A goleada apaga tudo.
A lembrança poderia servir para reforçar a teoria de que o Brasil deve massacrar os bolivianos na noite desta sexta-feira (14), na abertura da Copa América. A Bolívia é a mais fraca das rivais do Grupo A, mas goleada se constrói, não se imagina.
A Copa América, também.
Nunca o torneio sul-americano começou com festa e farra, nos tempos modernos. Sempre vem cercada de obrigação ou vexame. O contraste explica, por si só, a dificuldade. O Brasil entra na competição para vencer como obrigação. Qual a novidade?
Você já ouviu alguém dizer que o Brasil vai a uma Copa do Mundo para fazer boa figura? Vai para ganhar, ora…
Qualquer coisa que não seja o troféu produz desgaste e discussão. Basta ver o que aconteceu depois da eliminação para a Bélgica.
O Brasil jogou quatro vezes a Copa América em casa e ganhou todas estas edições. Por outro lado, disputou 34 e ficou ausente de dez edições do torneio, foi campeão oito vezes e vice outras onze, o que significa não ter alcançado a decisão quinze vezes. Nunca foi simples.
A dualidade brasileira hoje está entre compreender que não somos mais potência ou julgar que é preciso atropelar qualquer adversário. Sempre oito ou oitenta.
Parece que, se não ganhar de 4 x 0 da Bolívia não está bom, mesmo que a campeã do mundo, a França, tenha vencido os bolivianos por 2 x 0.
Parece mais equilibrado colocar as coisas como são: 1. O Brasil deve ganhar da Bolívia; 2. O Brasil tem a responsabilidade de jogar para vencer a Copa América; 3. É necessário conhecer os adversários e entender o momento do futebol atual, ou seja, vai ser difícil.
A seleção brasileira precisa chegar forte e em condições de ser campeã mundial no Catar, em 2022. Isso exige trabalho árduo e em etapas. Uma delas é a Copa América. Vencer é sempre melhor do que perder. Mas o Brasil só voltará a ser poderoso de maneira a ser favorito em qualquer Copa América quando entrar na competição com um ambiente realista.
A Copa América terá Messi, Luis Suárez, Paolo Guerrero, os campeões da Champions League Firmino e Alisson. Não dá para ficar entre a obrigação e o vexame. Há muito mais coisas em jogo para fazer o futebol brasileiro e a seleção serem fortes de novo.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.