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Coluna do PVC

Brasil precisa aprender a criar espaços contra times fechados

PVC

18/06/2019 23h48

Quando se enfrentar uma seleção que se fecha com duas linhas separadas por doze metros (veja imagem), como é o caso da Venezuela, é preciso impedir que as trocas de passes encontrem os atacantes sempre em inferioridade numérica. O Brasil rodou a bola por noventa minutos, abusou da centralização dos passes e, quando chegava aos lados, havia normalmente dois venezuelanos contra um brasileiro ou três contra três da seleção de Tite.

As exceções foram as jogadas em dois dos três gols anulados pelo árbitro chileno Julio Bascuñan. Na primeira, David Neres ficou no mano a mano com o lateral-esquerdo Rosales. No segundo, a bola saiu de Felipe Luís, na linha de fundo, para Gabriel Jesus, na risca da pequena área, em dez passes precisos.

O que motivou a segunda jogada de gol foi o fato de a Venezuela estar, momentaneamente, postada no campo de ataque. O Brasil precisa de espaço e não consegue abrir as latas de sardinha dos adversários com triangulações.

Dos 29 gols do segundo ciclo de Tite, quinze nasceram da soma de jogadas de bola parada ou de contra-ataque. Menos de 50% saem de trocas de passes em situações que os adversários sempre impõem à seleção brasileira.

Mesmo quando Dunga era o treinador da seleção, entre 2006 e 2010, e os gols nasciam em jogadas de contra-ataque, mesmo naquele período os rivais se postavam defensivamente. O Brasil precisa aprender a abrir defesas adversárias, porque vai jogar toda a Copa América e todas as partidas como mandante nas próximas eliminatórias em situações semelhantes à que a Venezuela impôs.

O limite entre respeitar o adversário e exercer seu papel de potência não é aceitar um empate por 0 x 0 contra a Venezuela. Nem com três gols anulados.

BRASIL 0 x 0 VENEZUELA – 21h30
Local: Fonte Nova (Salvador); Juiz: Julio Bascuñan (Chile); Renda: R$ 8.734.480; Público: 39.622 (42.587); Cartão amarelo: Murillo, Casemiro
BRASIL: 1. Alisson (6), 13. Daniel Alves (5,5), 4. Marquinhos (6), 2. Thiago Silva (6) e 6. Filipe Luís (6); 5. Casemiro (5,5) (17. Fernandinho 12 do 2º (5,5)) e 8. Arthur (6,5); 21. Richarlison (5) (9. Gabriel Jesus, intervalo (6,5)), 11. Coutinho (5) e 7. David Neres (5,5) (19. Éverton Cebolinha 26 do 2º); 20. Firmino (5,5). Técnico: Tite
VENEZUELA: 1. Fariñez (6), 20. Ronaldo Hernández (5,5), 3. Osorio (6), 2 Villanueva (6) e 16. Rosales (5,5); 5. Moreno (6); 15. Murillo (6,5), 8. Rincón (6), 6. Herrera (6) (18. Soteldo 21 do 2º (6)) e 7. Machís (6,5) (19. Figuera 30 do 2º); 23. Rondón (6,5). Técnico: Rafael Dudamel

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.