A relação entre a derrota do Flamengo e a vitória do Internacional
Paulo Mendes Campos dizia que há coisas que só acontecem com o Botafogo, mas quem vive futebol sabe que muitas não acontecem só com o clube da Estrela Solitária. A lembrança aqui, numa noite em que o Atlético venceu no Engenhão, é para pensar em coisas que não acontecem em General Severiano, mas parecem se avolumar na Gávea. Tem coisas que parecem só acontecer com o Flamengo e que, na verdade, ocorrem apenas em clubes que vivem grandes secas de troféus — o que não é o caso rubro-negro.
A reflexão vem da soma da péssima atuação do Flamengo em Guayaquil, com derrota para o Emelec por 2 x 0 com a única vitória brasileira na rodada da Libertadores até aqui, conquistada pelo Internacional, com gol de Paolo Guerrero. O centroavante, criticado quando se vestia de vermelho e preto, pela média de um gol a cada três jogos, é fundamental para o Internacional, o clube brasileiro mais próximo da vaga nas quartas-de-final.
Ao mesmo tempo, os criticados da vez mudam de nome. O motorista de táxi diz que Gérson não joga nada e o porteiro do prédio pede para que não se pronuncie o nome de Jesus. Ops… Do Mister. Repare que os onze escalados em Guayaquil tinham duas novidades em comparação com o time da fase de grupos, Rafinha e Gérson, mas cinco mudanças de posições. Rodinei na lateral direita, William Arão como primeiro volante, Rafinha na ponta direita e Gérson no meio-de-campo. Também se pode discutir Diego como segundo homem de meio, ora segundo atacante, como contra o Corinthians. .
Levando em conta a troca de técnico, de sistema tático e a estreia de Jorge Jesus na Libertadores, o risco tem de ser calculado. Quando se escreveu aqui que havia ajustes a fazer no sistema defensivo, pela linha alta, houve quem contestasse. Ganha de 6 x 1 e precisa de ajustes. Claro. Mudou a forma de pensar futebol. Perdeu do Emelec e é tragédia? Não! A mudança de filosofia pressupõe o tempo para a adaptação. O risco é perder.
O Flamengo pode fazer 3 x 0 sobre o Emelec e se classificar. Também pode fazer 2 x 0 e ganhar nos pênaltis. Não é absurdo.
Absurdo é seguir com escolhas do vilão da semana, do mês, do ano. Hoje é o Mister, porque escalou Rafinha na ponta direita e tirou Cuellar da partida decisiva. Quarta-feira passada foi Diego, pelo pênalti ridiculamente cobrado. Há três meses, era Abel, o ultrapassado, no ano passado foi Barbiéri, o estagiário, há dois anos era Paolo Guerrero.
O principal reforço para o Flamengo para os próximos anos é a calma. Ela é bem mais barata do que Gérson, Rafinha e Filipe Luís, mas é bem mais difícil de se contratar.
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