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Coluna do PVC

Expectativa irreal sobre Flamengo e Palmeiras causa protestos fora de hora

PVC

29/07/2019 10h58

Dos cinco jogos sem vencer do Palmeiras, quatro foram fora de casa e dois com time reserva. Felipão escalou a equipe mesclada no clássico contra o São Paulo (1×1) e contra o Vasco (1×1). Perdeu para Ceará e Internacional, fora de casa. Com todo o respeito a quem pensa diferente, nunca foi zebra o Internacional ganhar do Palmeiras, no Beira-Rio.

Bastava olhar a seqüência de partidas depois da Copa América para entender que o time de Felipão ainda não era campeão antecipado — tanta gente falou isso…

Como cravar o título, se no retorno do torneio de seleções, a tabela previa partidas contra o Internacional, no Allianz Parque, São Paulo, Internacional, Ceará e Godoy Cruz fora, Vasco e Godoy Cruz em casa, Corinthians fora.

A queda dos resultados pode ter a ver com falta de concentração de parte do elenco e da ausência de cobrança deles com eles mesmos, olhos nos olhos, no vestiário. Há quem observe que o comportamento dos jogadores mudou nos últimos vinte anos.

Mas o declínio acontece, principalmente, porque o futebol brasileiro nunca produziu períodos de hegemonia de dois clubes como os que nós, jornalistas, temos previsto. Não há essa supremacia toda de Palmeiras e Flamengo. Nem na época da Parmalat houve.

Aqui, ainda prevalece a imprevisibilidade. Que bom!

O resultado prático dessa expectativa irreal é a seqüência de protestos fora de hora das torcidas de Flamengo e Palmeiras. Jorge Jesus desceu do ônibus e foi conversar com uniformizados que xingavam Diego dentro do saguão do aeroporto do Galeão. Ah, se fosse um cidadão normal, não fantasiado de torcedor, que gritasse "Diego, F.D.P.!", num local por onde passam passageiros em busca de seus voos, muitas vezes acompanhados de crianças. Claro que um segurança ou policial pediria: "Por gentileza, o senhor pode se retirar do saguão."

Mas a fantasia de torcedor permite tudo.

Um pouco diferente a situação do Palmeiras, porque os protestos foram na saída do estádio. Não deixam de ser fora de hora.

Há um ano, o Flamengo perdeu a liderança do Brasileiro nas cinco rodadas seguintes à parada da Copa do Mundo. Tinha quatro pontos de vantagem. Desta vez, o Palmeiras perdeu a primeira colocação e os cinco pontos de frente sobre o Santos em três partidas. Mas jogou todas as quartas e domingos desde o retorno. Quatro vezes fora de casa, duas com time misto.

O Santos é o líder legítimo e pode ser campeão brasileiro. Isso contrariará os prognósticos de nós, analistas. É possível que o troféu vá para a Vila Belmiro pela competência de Jorge Sampaoli e porque a história do futebol brasileiro pressupõe o equilíbrio. Não há nenhum indício de que isso vá mudar a curto prazo. Dizer que Flamengo e Palmeiras serão soberanos por causa das contas bancárias só aumenta a expectativa. Por enquanto, a única conseqüência prática é o crescimento dos casos de agressões verbais, podem virar físicas, a técnicos e jogadores.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.