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Coluna do PVC

Jorge Jesus conclui no Brasil revolução de técnicos portugueses pelo mundo

PVC

07/10/2019 13h15

A lista dos técnicos campeões portugueses, nos anos 1980, é impressionante.

O húngaro Lajos Baróti ganhou pelo Benfica em 1981, o inglês Malcolm Allison pelo Sporting, em 1982, o sueco Sven Goran Eriksson (na foto, com o meia Stromberg), pelo Benfica em 1983 e 1984, o inglês John Mortimore pelo Benfica, em 1987, o croata Tomislav Ivic pelo Porto, em 1988. Os portugueses Artur Jorge (Porto, 1985, 1986 e 1990) e Toni (Benfica, 1989) ficaram com apenas quatro de dez torneios disputados.

Na década seguinte, foi parecido.

Sven Goran Eriksson venceu pelo Benfica em 1991, o brasileiro Carlos Alberto Silva venceu pelo Porto em 1992 e 1993, o inglês Bobby Robson foi bicampeão pelo Porto em 1995 e 1996. Portugueses foram Toni (Benfica, 1994), Antonio Oliveira (Porto 1997 e 1998), Fernando Santos (Porto, 1999) e Augusto Inácio (Sporting, 2000).

De vinte campeonatos entre as décadas de 1980 e 1990, os treinadores de Portugal venceram nove. Os estrangeiros, 11 (55%). Sete técnicos internacionais e cinco portugueses.

Hoje, de todos os maiores campeonatos do planeta, Portugal, Brasil, Argentina e Holanda são os únicos sem técnicos estrangeiros campeões nesta década. O último estrangeiro campeão na Argentina foi o chileno Manuel Pellegrini, pelo River Plate, no Clausura 2003. No Brasil, Carlos Volante, pelo Bahia, em 1959. Em Portugal, nenhum técnico de outra nacionalidade, a não ser a portuguesa, ganha a Liga NOS desde o holandês Co Adriaanse, pelo Porto, em 2006.

A formação dos treinadores portugueses começou a mudaf a partir de pensadores do Instituto Superior de Educação Física, criado em 1975, um ano depois da Revolução dos Cravos. No começo dos anos 1990, os primeiros profissionais formados nas academias chegaram às comissões técnicas, ainda vistos com preconceito.

O sucesso de José Mourinho, contratado pelo Chelesa em 2004, mesmo ano em que Felipão dirigia a seleção portuguesa, aumentou a curiosidade e o interesse por treinadores do mesmo estilo moderno, pensador e científico.

Mourinho foi campeão da Champions pelo Porto, em 2004, bicampeão inglês pelo Chelsea, em 2005 e 2006. Um pouco antes, em 2002, Fernando Santos ganhou Copa da Grécia pelo Panathinaikos. Fernando Santos é o atual treinador da seleção portuguesa, pela qual conquistou a Eurocopa de 2016.

Portugal tem 592 treinadores coma licença Pro da Uefa. Na temporada 2018/19, teve cinco dos 32 treinadores da fase de grupos da Champions League, o maior número do torneio.

André Villas Boas ganhou o Campeonato Russo pelo Zenit, na Rússia (2015), Marco Silva venceu o grego pelo Olympiacos (2016), Leonardo Jardim o francês pelo Monaco (2017), Vítor Pereira o chinês pelo Shanghai (2018).

Vítor Pereira era o técnico do Porto, vencedor do Campeonato Português de 2013, vencido graças a um gol de Kelvin aos 42 minutos do segundo tempo, que virou um torneio que parecia perdido para o Benfica de Jorge Jesus.

Há ainda Paulo Bento, campeão pelo Olympiacos em 2017, Paulo Fonseca, tricampeão pelo Shakhtar, na Ucrânia, em 2017, 2018 e 2019. Os portugueses contabilizam 69 troféus conquistados em 28 países diferentes. Do Egito à China.

Jorge Jesus pode fazer o Brasil entrar na rota, se confirmar o Brasileirão pelo Flamengo.

Mesmo sem êxito os últimos três anos, o maior propagandista da competência portuguesa é José Mourinho, campeão de duas Champions League e vencedor do título nacional na Itália, Espanha, Inglaterra e Portugal. Vale a lembrança de que, antes de seu primeiro troféu pelo Porto, em 2003, o antecessor campeão português era o romeno Laszlo Boloni, pelo Sporting.

Mudou.

O que transformou a competência do futebol português foi o conhecimento. A Universidade do Porto é hoje um centro de desenvolvimento no esporte. O que Portugal mais pode ensinar ao futebol do Brasil é a respeitar o estudo, o conhecimento e o tempo para o trabalho dar certo.

 

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.