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Coluna do PVC

Luxemburgo já foi alvo de estudo de Jorge Jesus

PVC

13/11/2019 03h49

Na mesma viagem em que veio ao Brasil para ter contato com o São Paulo de Telê Santana, depois de ter passado um período de observações ao lado de Johan Cruyff, no Barcelona, Jorge Jesus foi aos estádios para assistir aos jogos do Palmeiras e do Corinthians. A história contada no livro "Jorge, Amado e Desamado", de Luis Garcia, não detalha exatamente o ano. Mas como a viagem à Catalunha foi em 1993, dá a entender que aconteceu no mesmo período. O melhor momento de Vanderlei Luxemburgo como treinador — o Cruzeiro de 2003 também pode ser apontado como seu ápice.

Naquela época, Jorge Jesus baseava sua observação no sistema 3-4-3, que aprendeu no Barcelona. Cruyff escalava Ronald Koeman como líbero, Guardiola como volante, um trio ofensivo com Stoitchkov, Salinas e Michael Laudrup e um losango de meio-de-campo. Na seqüência daquela equipe campeã da Europa de 1992, Cruyff escalava também Stoitchkov como centroavante, com Beguiristain na esquerda, como na final do Mundial de Clubes, no Japão, contra o São Paulo.

Mais tarde, na temporada 1993/94, Romário seria o camisa 10 e centroavante.

O Palmeiras não tinha nada a ver com a moderna equipe de Cruyff, mas era extremamente atraente e competitiva ao mesmo tempo. Vanderlei Luxemburgo preferia linha de quatro na defesa, marcação por zona, balanço defensivo dependendo do lado do ataque do adversário e velocidade de Edmundo e Edílson para os ataques. Evair fazia o pivô e, no Brasileiro, disputado no segundo semestre de 1993, invertia a posição com Edílson para ser o ele o articulador. Edmundo e Edílson funcionavam como flechas.

Havia um losango no meio-de-campo, em que Mazinho funcionava como pêndulo e iniciava as principais jogadas de ataque. O Palmeiras de 1993 não era rápido como o Flamengo de Jorge Jesus, mas cadenciava e se impunha aos rivais com a bola no pé.

Hoje à noite, no duelo entre o melhor técnico brasileiro das décadas de 1990 e 2000 contra o melhor técnico do Brasil de 2019, o Vasco bloqueará a frente de sua área, abrirá dois pontas com Rossi pela direita e, provavelmente, Marrony pela esquerda, e tentará usar os corredores laterais com superioridade numérica para quebrar a primeira linha rubro-negra.

O Flamengo é muito favorito. Mas tem um Flamengo x Vasco para se jogar.

 

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

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O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.