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Coluna do PVC

Zico: "Flamengo só precisa jogar como tem jogado"

PVC

21/11/2019 03h16

Para quem gosta de comparar, há uma diferença divina entre 1981 e 2019: Zico. Até o maestro Júnior já disse que, se Zico estivesse no time atual, talvez este fosse melhor do que aquele. Ninguém parece torcer tanto para dar certo quanto o Galinho. Por telefone, Zico teve a enorme gentileza de conversar com o blog. Diálogo rápido, para tratar de três temas só. O que o Flamengo precisa para ser campeão, o que muda na vida de um jogador e por que demorou tanto para voltar a este momento. Com a palavra, o maior ídolo da história rubro-negra:

PVC – O que o Flamengo deve fazer para ser campeão?

ZICO – O que pode ser decisivo é o Flamengo jogar como tem jogado. É um jogo só e é necessário ter atenção o tempo todo. Decisão é como se cada bola fosse o último prato de comida. Então, atenção em todos os pontos, porque às vezes uma distração faz perder o campeonato. É o Flamengo jogar como tem jogado, firme, com muita técnica, muita garra, muita luta, coletivamente. Jogando o "nós", não "eu." O Flamengo passa por um momento melhor do que o River e, por isso, acho que a Libertadores pode voltar para a Gávea.

PVC – Ganhar a Libertadores muda a vida de um jogador?

ZICO – Quando você ganha um título assim, você muda de patamar. Principalmente quando se vence um título que o clube ainda não tem. Como foi o nosso caso. O Flamengo não tinha o Brasileiro, não tinha a Libertadores e não tinha o Mundial. A nossa geração foi privilegiada e lógico que o Flamengo mudou de patamar. Não vou dizer que são os jogadores. O clube que mudou de patamar. Triplicou a torcida, a partir daqueles anos maravilhosos, de 1978 a 1983. O Flamengo ganhou mais títulos do que em toda a sua história.

PVC – Por que você acha que demorou tanto para o Flamengo voltar à decisão da Libertadores?

ZICO – Quando você ganha, deixa as futuras gerações também com a obrigação de ter novas conquistas. O Flamengo sempre foi um time com obrigação de lutar por conquistas, mas infelizmente ficou todo este tempo sem brigar por conquistas. Mas agora chega a uma final, como está chegando agora e está merecendo, está dando gosto de ver. Tem uma série de razões. O Flamengo teve times bons, mas cometia um erro aqui, outro ali. Uma pena, porque tem uma torcida que sempre tem apoiado, mas sempre tinha um problema. América do México, San Lorenzo, que estava ganhando e acabou perdendo a oportunidade de seguir adiante. A Libertadores não te dá o luxo de errar. Falhou, complica. Acho que isso aconteceu muitas vezes. E também o Flamengo não tinha se estruturado, como se estruturou agora. Isso tudo ajuda. Hoje, os profissionais têm prazer e gosto de trabalhar no Flamengo. Isso faz uma diferença muito grande. Tomara que essas conquistas sirvam de exemplo para outros clubes, para podermos ter futebol brasileiro bem forte.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.