É preciso disciplinar a bagunça dos técnicos do Brasileirão
A imagem de Abel Braga à beira do campo do Mineirão, com a chuva escorrendo sobre seus ombros, era desoladora.
O técnico saiu de campo sem ter o que falar nem o que fazer. Por isso, colocou seu cargo à disposição.
As boas lembranças de Zezé Perrella do trabalho que Adílson Batista fez entre 2008 e 2010 na Toca da Raposa fazem com que ele desembarque para as últimas três rodadas do Brasileiro.
Tem gente festejando o momento ruim de Abel. Ano péssimo. Quando se discutia que não se deveria tirá-lo do Flamengo, no início do ano, não se estava dizendo que seu trabalho era brilhante. Apenas que é preciso dar tempo às coisas e ter respeito pelas pessoas. No Cruzeiro, Mano Menezes, Rogério Ceni e Abel Braga caíram num liquidificador, na maior crise institucional da história de um clube fantástico. Têm culpa, mas o Cruzeiro tem mais.
À parte a troca na Toca da Raposa, a mais surpreendente foi a saída de Argel Fucks do CSA, vencedor no Mineirão, para o Ceará, que havia acabado de demitir Adílson Batista. Lembre-se de que o CSA ainda tem chance de escapar da degola e, para isso, pode superar o Ceará nas três rodadas restantes.
Com a loucura das trocas de treinadores da noite de quinta-feira, agora são 25 mudanças de técnico em 35 rodadas. Dizemos que na Europa as mudanças agora aumentam. Na Inglaterra, caiu Unai Emery do Arsenal. São três mudanças em 14 rodadas. Aqui são 25!!!
Ou a CBF cria uma disciplina para as mudanças de técnico ou nunca vai haver time formado no Brasil. Dos 20 clubes da Série A, 17 trocaram de treinador. Se houver 20 treinadores estrangeiros no ano que vem, 17 vão perder o emprego. A disciplina é fazer como na Itália. Se um time trocar de técnico no meio da campanha, não pode contratar outro da mesma divisão.
Se fosse assim, Argel Fucks não trocaria o CSA pelo Ceará, Adílson não poderia assumir o Cruzeiro, Mano Menezes não dirigiria Cruzeiro e Palmeiras na mesma temporada nem Abel Braga seria do Flamengo e do Cruzeiro no mesmo ano.
A verdade é que há uma indústria das mudanças de treinadores, em que todos ganham. Técnicos, dirigentes, empresários. Só quem perde é o Campeonato Brasileiro.
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