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Coluna do PVC

Jesus acha Klopp autor de um sistema 4-3-3 mais especial do que Guardiola

PVC

21/12/2019 03h56

Um detalhe da entrevista coletiva de Jorge Jesus, antes do jogo contra o Liverpool, neste sábado (21), chamou a atenção pelo elogio rasgado ao treinador alemão Jurgen Klopp: "Ele criou um 4-3-3 muito particular." Após a conferência de imprensa, Jorge Jesus concedeu a gentileza de encostar nos jornalistas e ouvir uma pergunta privada deste colunista. Por que ele julga o 4-3-3 de Klopp tão especial: "Pela maneira como ele se posiciona para recuperar a bola logo após perdê-la."

A réplica foi que Guardiola também sempre fez isso e a tréplica foi ainda melhor: "Não. É diferente. Klopp é o único que faz isto com três homens, prontos para atacar."

A busca por vídeos das opções táticas e de estratégia de Jurgen Klopp confirma o que Jorge Jesus pensa.

O Liverpool posiciona seus três atacantes para dar o bote no campo de ataque, encaixa seus dois volantes nos dois armadores adversários, em situações rotineiras de jogo.

Quando faz pressão pesada, chega a ter sete jogadores no ataque, para retomar a bola sem permitir a saída de bola do rival.

O Barcelona de Guardiola e o Manchester City atual fazem pressão com sete jogadores na frente, quando pretendem retomar a bola. Mas note que em algumas situações, jogadores de ataque como Aguero ou Sterling, ficam sem função na hora do bote do lado oposto.

No vídeo do Liverpool, também se percebe como pode haver truques para abrir espaço entre as linhas do meio-de-campo e da defesa. Quando a bola sai por um zagueiro que tem bom passe, Firmino deixa de fazer a sombra num dos pivôs defensivos, para pressionar o homem da bola.

Isso obriga o primeiro volante, que será Henderson, a deixar sua posição na sobra e também dificultar o pivô adversário. Abre-se um espaço às suas costas.

Em alguns momentos, uma bola lançada por trinta metros, às costas dos pontas Salah e Mané ou atrás de Henderson, se subir para pressionar o pivô defensivo adversário, vai abrir espaço para Éverton Ribeiro e De Arrascaeta entraram em diagonal, da ponta para dentro. Vão receber a bola em liberdade. Também poderão criar condições para Gabriel e Bruno Henrique ficarem no mano a mano contra os zagueiros Joe Gomez e Van Dijk.

Jorge Jesus estuda o Liverpool desde o dia em que foi contratado, 1 de junho de 2019, data da final da Champions League. Ele estava em Madri, assinou contrato lá e, logo depois, assistiu à final Liverpool 2 x 0 Tottenham.

Vê o Liverpool e conhece Jurgen Klopp há muito tempo. E, mais exaustivamente, observou cada detalhe nas últimas três semanas.

É óbvio que Klopp também estudou o Flamengo, mas fez questão de deixar nas entrelinhas que não tem tanta importância, quanto vencer o Leicester, no dia 26 de dezembro.

Aqui está uma diferença.

Jorge Jesus respeita tão profundamente Jurgen Klopp que o considera mais perfeito para pressionar a saída do adversário e fazer um 4-3-3 especial, mais até do que Guardiola.

Respeita, estuda e não teme.

 

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.