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Coluna do PVC

Saída de Pelaipe foi decisão do presidente do Flamengo

PVC

07/01/2020 13h02

O acúmulo de funções de pessoas do departamento de futebol e um ruído no processo da divisão das premiações pelos títulos da Libertadores e Brasileirão, em dezembro, foram as causas de o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, não renovar o contrato do gerente de futebol Paulo Pelaipe. A decisão foi tomada exclusivamente por Landim, que passa férias no Nordeste do Brasil. Luiz Eduardo Baptista, o BAP, está nos Estados Unidos e o vice-presidente de futebol, Marcos Braz, no Rio de Janeiro.

Tanto Braz quanto BAP são possíveis candidatos à sucessão de Rodolfo Landim, mas não há motivo para o processo eleitoral se iniciar antes de 2021. Além dos dois, é possível dizer que existem pelo menos mais dois "candidatos à candidatura": Rodrigo Dunshee, atual vice-presidente, e Wallim Vasconcellos, vice de futebol no primeiro mandato de Eduardo Bandeira de Mello

A história da saída de Pelaipe remete à sua chegada, em janeiro de 2019. Rodolfo Landim foi o último a entender a importância de Pelaipe no Centro de Treinamento e foi convencido pelo perfil da comissão técnica de Abel Braga, Entendeu-se que havia a necessidade de um dirigente com habilidade para gerenciar o vestiário. Pelaipe trabalhou com Abel e se orgulha de ter iniciado o processo de busca por Jorge Jesus — há quem atribua a escolha a Bruno Spindel.

Quando Abel pediu demissão, em maio, e foi substituído por Jorge Jesus, a comissão multi-disciplinar do português passou a exercer funções que, na visão do presidente, confundiam-se com as do gerente de futebol. Houve choque especialmente com o que fazia o brasileiro Evandro Mota, trazido de Portugal por Jorge Jesus. A ideia passou a ser de cumprir integralmente o contrato com Paulo Pelaipe, mas Landim já pensava em abrir mão de sua função desde antes da viagem a Doha, para o Mundial de Clubes.

Mesmo assim, em dezembro houve a informação de que Pelaipe renovaria o contrato por mais um ano. O pedido da renovação não chegou ao presidente Rodolfo Landim. Segundo Pelaipe, havia o acerto com Marcos Braz, para que a assinatura do novo acordo se desse em janeiro. Marcos Braz não falou publicamente sobre a renovação contratual de Pelaipe. Durante esta terça-feira (7), o blog tentou contato com o vice-presidente de futebol, sem sucesso.

Em Doha, também houve ruídos durante o debate sobre a divisão dos prêmios.

Há questões que poderiam ter sido mais bem conduzidas no processo. Se o presidente Rodolfo Landim dividisse com Marcos Braz a decisão de não renovar com Pelaipe, a repercussão seria menor e a crise, evitada. A opção por não renovar poderia ter sido, até mesmo, divulgada pelo vice-presidente de futebol.

Apesar disso e da temperatura alta depois do anúncio da saída de Pelaipe, é provável que pouca coisa mude na Gávea. Jorge Jesus continuará até 31 de maio, com Evandro Mota e seus assistentes ao seu lado. Rodolfo Landim não vai substituir nem o vice-presidente de futebol, Marcos Braz, nem o vice-presidente de relações externas, Luiz Eduardo Baptista, o BAP. Também parece definido que Marcos Braz não pedirá demissão e que o convívio no Comitê de Futebol do Flamengo seguirá com decisões consensuais, apesar de divergências.

Como as eleições só acontecerão no final de 2021, com um pouco de habilidade o processo eleitoral só precisa ser conduzido a partir de agosto do ano que vem. Neste cenário, a única escolha a seguir é pensar no Flamengo.

 

 

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

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