As vaias para a seleção brasileira em Porto Alegre têm duas razões
PVC
11/06/2015 09h30
A seleção de Dunga tem números irretocáveis. Futebol, não. Pelo menos não nas duas apresentações em território brasileiro, que marcaram o reencontro com a torcida depois dos 7 x 1 e a despedida antes da Copa América.
O Brasil foi preguiçoso contra o México e contra Honduras, como Robinho fez questão de dizer.
E a torcida vaiou mesmo no final do jogo, sem atrapalhar o desempenho da equipe durante a partida contra os hondurenhos.
Aqui está entendida a primeira razão para os apupos: a preguiça.
É óbvio que o time atual com jogadores que podem marcar a tentativa de recuperação do prestígio internacional nos próximos anos não tem nada a ver com os 7 x 1. Só que além de David Luiz e Fernandinho — Neymar e Thiago Silva não estavam em campo no Mineiraço — a camisa também estava no fiasco.
A gloriosa camisa amarela, agora menos respeitada mundo afora.
A seleção sempre foi uma espécie de Geni. Não como seu clube. Se alguém se levanta para vaiar o Internacional no Beira Rio, o Flamengo no Maracanã ou o Corinthians em Itaquera, sempre haverá alguma voz disposta a se levantar e pedir apoio. O time é seu, você se sente parte dele e é solidário.
A seleção, não. É sua, mas é de todos e, às vezes, de ninguém. Com ela, o amor e o ódio sempre andaram próximos. É festa na vitória e surra na derrota. E no meio termo, ninguém precisa ter compromisso.
Até porque, vamos combinar, a seleção ou a dona dela não foi lá muito solidária com seu torcedor nas últimas três décadas.
A segunda razão para a vaia é essa, toda esta mistura, que tem como motivo particular, motivador e justo o coração humilhado pelos 7 x 1.
Dunga não tem culpa nem sua seleção que disputará a Copa América a partir de domingo — o torneio começa hoje com Chile x Equador.
Mas dez jogos com dez vitórias significam hoje apenas um número. Extremamente expressivo, mas um número.
E números não tocam corações.
Sobre o Autor
Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.
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O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.