Corinthians é líder porque é melhor. Mas juízes sem juízo atrapalham muito
PVC
03/09/2015 00h34
O Corinthians abriu sete pontos, alcançou 49 contra 42 do Atlético. Repete exatamente o que aconteceu nos Campeonatos Brasileiros de 2013 e 2014. O Cruzeiro tinha 46 contra 42 do Botafogo há dois anos e contra os mesmos 42 do São Paulo, há um ano.
Na 22ª rodada, igualzinho ao Corinthians, conseguiu a vantagem sobre o segundo colocado que nenhum líder jamais perdeu. Ficou 49 x 42 em 2013, 2014 e repete-se em 2015. Igualizinho!
Lembre-se do São Paulo, que reverteu oito pontos de vantagem do Grêmio, quando estava em quinto lugar, no 22º jogo de 2008. Ou do Flamengo, 11º colocado, com 11 pontos a menos do que o Palmeiras na 22ª rodada de 2009. Virou e foi campeão. Mas o primeiro colocado não tinha sete pontos acima do segundo lugar.
O conforto era menor.
Quando teve toda essa diferença, o líder nunca perdeu a taça.
Claro que há uma diferença entre o Corinthians de hoje e o Cruzeiro de ontem e ela ficou explícita com os gritos da torcida atleticana no Horto, quarta-feira à noite: "Doutor, eu não me engano, o juiz é corintiano" e "Corinthians, Corinthians!"
O problema dos erros de arbitragem não é desfavorecer o Atlético ou favorecer o Corinthians. É tirar a sensação de equilíbrio do melhor Campeonato Brasileiro dos últimos anos.
Se o Corinthians é líder, é porque não perde nenhum jogo há 14 rodadas, porque tem a defesa menos vazada — só 15 gols sofridos em 22 jogos –, pela força do elenco e pela compactação da equipe.
Mas esses juízes sem juízo…
Sandro Meira Ricci tem tido atuações trágicas desde que voltou da Copa do Mundo. No primeiro semestre, prejudicou o Corinthians com a expulsão de Émerson. Neste Brasileirão, foi muito mal no Fla-Flu e marcou o pênalti inexistente a favor do Atlético, contra o Palmeiras.
Ops… A favor do Atlético.
Então não há só erros favoráveis ao Corinthians.
Quando não erra, seu assistente o mata. Fábio Pereira anulou o gol legalíssimo de Cícero, com o qual o Fluminense empataria a partida contra o Corinthians, em Itaquera.
E Marcelo de Lima Henrique? A expulsão de Marcos Rocha no Horto, ontem à noite, foi rigorosa, como também foi a de Leonardo Silva em Chapecó, três semanas atrás. Lances assim mudam um jogo. Repetidos, mexem com o campeonato.
Uma lástima!
Não se trata de beneficiar o Corinthians, mas de prejudicar a credibilidade e acabar com a percepção de que o torneio é isento. Sérgio Corrêa prometia três anos atrás que três anos depois o nível da arbitragem seria melhor. Seria hoje o prazo para a renovação dar resultado.
É justo dizer que estava certo com Anderson Daronco ou com Dewson Fernando Freitas. Talvez sejam os árbitros mais antigos o maior problema. Não importa.
É um pecado o Brasileirão em que o jogo flui e a torcida lota estádios ser tão prejudicado pelo apito.
Ah, esses juízes sem juízo.
Sobre o Autor
Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.
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