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Aidar exonera Ataíde - O São Paulo depois da briga entre Aidar e Ataíde

PVC

06/10/2015 09h28

Atenção: Às 11h52, o presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, respondeu à mensagem deste blog e confirmou o que já estava claro: Ataíde Gil Guerreiro foi exonerado do cargo, por causa da briga de segunda-feira de manhã. Está claro, também, que Ataíde Gil Guerreiro se demitiria e já havia tomado esta decisão antes da exoneração. As causas e as conseqüências do caso estão descritas abaixo:

 

Carlos Miguel Aidar atendeu ao telefone na noite de segunda-feira e a conversa seguiu-se assim: "PVC, o que está acontecendo que está todo mundo me ligando?"

Resposta: "Aconteceu que surgiu a informação de que houve uma briga hoje, no café da manhã, entre o Ataíde e o senhor."

Aidar desmentiu a história nos seguintes termos: "Zero! Zero! Se aconteceu alguma coisa não foi comigo, porque não estou sabendo de nada."

Quando o apresentador Benjamin Back leu, no Fox Sports, a notícia do portal da revista Veja dando conta do desentendimento, evidentemente a obrigação deste colunista era dar a versão que lhe havia sido apresentada. Não comprá-la como verdadeira, mas apresentá-la.

No Fox Sports Night, eu disse que a notícia tinha chegado, que o hotel Radison havia confirmado a saída de um senhor careca e muito nervoso, mas o presidente Aidar havia informado que nada havia acontecido. O diretor de marketing, Douglas Schwartzmann, também localizado, afirmou não ter participado de nenhum encontro pela manhã.

O fato é que a briga aconteceu!

Houve uma desavença grave e só não está claro seu tamanho (se foi soco, empurrão, tapa, puxão de cabelo…). Isso porque Ataíde Gil Guerreiro não atendeu ao telefone. E isso serve como mais um ingrediente da certeza que agora há de que houve a briga.

Briga de homem poderia ser apenas fuxico. Esta é relevante, não para saber se foi soco, empurrão, tapa ou puxão de cabelo, mas para entender as causas e as conseqüências, porque tem a ver com a administração de um dos clubes mais importantes do país.

Relevante só isso: a causa e a conseqüência.

A causa é a discussão desde o início do processo de saída de Juan Carlos Osorio entre Ataíde e Aidar, para saber quem será o novo treinador. No domingo, Ataíde disse que já definiu qual será o técnico e o apresentará no momento da saída do colombiano, se ela se confirmar. Mas deixou claro que Osorio definirá em paz seu destino. É provável que a afirmação de Ataíde indique seu desejo de que a sucessão se dê com Mílton Cruz até dezembro.

Aidar diz que não vai tomar a dianteira até Osorio se pronunciar e isso indica seu desejo de contratar outro treinador — talvez o português José Peseiro, com quem conversou antes de sacramentar a contratação do colombiano, em junho.

As outras questões relevantes estão relacionadas às conseqüências.

A primeira é o provável pedido de demissão de Ataíde Gil Guerreiro. Isso mudará muita coisa no departamento de futebol, que tem sido blindado das discussões políticas. Se Ataíde confirmar a saída, isso deixará Aidar mais isolado do que já está, tanto na administração do departamento de futebol, quanto na vida política. Em 2017 haverá eleição e Aidar dificilmente será reeleito se perder o apoio de Ataíde, levando em conta que já estão contra sua gestão os grupos de Juvenal Juvêncio, de Marco Aurélio Cunha e de Abílio Diniz, que não é conselheiro, mas tem importância na vida política do São Paulo desde que decidiu participar do futebol.

A segunda conseqüência é a confirmação de que o São Paulo vive um dos piores momentos de sua história. O clube da Fé e da política de boa convivência já teve turbulências no passado, mas na maior parte das vezes soube lidar com altivez.

E com a verdade.

Serve de exemplo para Carlos Miguel Aidar a presidência de Juvenal Juvêncio. Em 2008, vazou a informação de uma briga dentro da concentração, entre Fábio Santos e Carlos Alberto. Junto com a história, chegou a notícia de que Carlos Alberto não jogaria mais pelo São Paulo. O telefone de Juvenal tocou em sua casa, às 9h. Juvenal foi chamado e decidiu atender à ligação. Perguntei: "Doutor Juvenal. Procede que o Carlos Alberto não joga mais pelo São Paulo." A resposta: "Eu não queria que ele soubesse pela imprensa… Mas é verdade! Não joga mais!"

Se não é possível dizer a verdade, não diga nada. Se não quiser ficar com a fama de mentiroso.

Esta também é uma conseqüência.

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Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.


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