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Leila Pereira admitiu em entrevista que não poderia ser candidata

PVC

19/12/2016 18h30

Leila Pereira, sócia da Crefisa, admitiu em entrevista ao Diário de S. Paulo, em setembro de 2015, que acabara de se tornar sócia do Palmeiras. Na entrevista, reproduzida integralmente no final deste texto, ela justifica por que não poderia ser candidata à presidência agora. Só não prestou atenção ao fato de que o estatuto do clube também impede um sócio remido com matrícula de 2015 de se candidatar ao Conselho Deliberativo.

DIÁRIO DE S. PAULO –  Pensa em ser presidente do Palmeiras?

LEILA PEREIRA – Existiu muita especulação sobre isso, mas eu nem posso ser presidente agora. Acabei de me tornar sócia e o estatuto determina que o candidato precisa ter sido conselheiro por pelo menos dois mandatos. E tem outra: não tenho tempo para me dedicar à presidência do Palmeiras. Prefiro apoiar presidentes como o Paulo.

Em reunião na tarde de domingo com o presidente Maurício Galiotte e o ex-presidente Mustafá Contursi, Leila Pereira ameaçou tirar o patrocínio da Crefisa se sua candidatura for impugnada. Julga-se grande benemérita do clube.

É importante destacar dois pontos:

1. A Crefisa não fez benemerência com o Palmeiras. Assinou um contrato comercial e pagou o preço que achou justo por um patrocínio que deu à sua empresa muita visibilidade. O preço foi acordado entre as duas partes e assinado.

2. O Palmeiras tem um estatuto. Assim como é preciso cumprir regras estabelecidas na Constituição para ser candidato à Câmara Municipal, à Câmara Federal, ao governo do Estado ou à presidência da República, é necessário ter a documentação rigorosamente em dia para ser candidato ao Conselho Deliberativo de um clube.

Depois de três dias da polêmica impugnação da candidatura de Leila Pereira ao Conselho Deliberativo, ficou claro que seu título de sócia-benemérita ofertado, segundo Mustafá Contursi, em 1996, não aconteceu. A documentação diz apenas que Mustafá concedeu o título de sócia-benemérita a Josefina Farah, esposa de Eduardo José Farah, assim como a outros ilustres palmeirenses.

Leila Pereira tornou-se sócia remida em 2015, como admite na entrevista ao repórter Jorge Nicola, do Diário de S. Paulo, transcrita na íntegra abaixo. Por isso, não tem o direito de ser candidata a Conselheira do Palmeiras. A candidatura pode ser contestada na Justiça por qualquer outro candidato derrotado.

ABAIXO A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA EM QUE LEILA PEREIRA ADMITE TER SE TORNADO SÓCIA RECENTEMENTE

Crefisa fala em parceria eterna com o Palmeiras

Presidente da empresa, Leila Pereira encheu a bola de Paulo Nobre e explicou como funciona a parceria

Por: Jorge Nicola
portalweb@diariosp.com.br

DIÁRIO_ Por que Crefisa e FAM (Faculdade das Américas) escolheram o Palmeiras para patrocinar?

LEILA PEREIRA_ A Crefisa é muito conhecida por ajudar os clientes nos momentos mais difíceis, como quando nenhum banco empresta dinheiro. O Palmeiras, que é um gigante, também estava em dificuldade e ninguém acreditava. Mas, com nossa parceria e a administração séria do presidente Paulo Nobre, colocamos o Palmeiras em um lugar confortável, com equilíbrio. E isso é muito gratificante.

Somando todos os acordos, Crefisa e FAM vão colocar R$ 97 milhões no Palmeiras. Não é muito?

Prefiro não comentar sobre valores, mas posso dizer que a parceria está sendo muito prazerosa e bacana para a gente. E nosso investimento no Palmeiras não parou por aqui.

Quantas parcerias o Palmeiras tem com as suas empresas hoje?

Estamos em quatro lugares da camisa, temos placas de publicidade nos campos do CT, somos os responsáveis pela reforma da Academia, fizemos o investimento nas compras do Barrios, do Leandro Almeida, do Thiago Santos e, mais recentemente, do Vitor Hugo…

O contrato do Barrios vai custar R$ 37 milhões, entre salários e luvas, durante três anos. O Palmeiras vai pagar algum centavo deste valor?

Nenhum. Todos os valores relacionados ao Barrios serão pagos por nós.

É uma espécie de doação?

Não tem doação. Por causa deste investimento, teremos nossas marcas atreladas ao plano Avanti. Por exemplo: todas as carteirinhas dos sócios terão os logos da Crefisa e da FAM.

Como fica se aparecer uma proposta milionária e o Barrios for vendido?

É o Palmeiras quem decide se deve vendê-lo ou não. Se o valor da venda superar o nosso investimento, ficamos com o lucro. Se for inferior, o prejuízo é todo nosso. O Palmeiras não perde nem sequer um centavo.

Vocês também pagam os salários de Leandro Almeida, Thiago Santos e Vitor Hugo?

Não. Nossa ajuda em relação aos três foi para a compra dos direitos econômicos. Os 50% do Vitor Hugo foram adquiridos na última semana, por exemplo. E vale o mesmo raciocínio do Barrios para ele em caso de uma proposta de fora.

O investimento de vocês na reforma da Academia vai custar quase R$ 6 milhões. O que ganharão em troca?

Há uma negociação para ficarmos com o naming rights do ginásio da Academia, que passaria a se chamar Centro Crefisa. Estamos fazendo uma reforma bem ampla em todo o CT, garantindo conforto aos jogadores por anos. Haverá uma arquibancada, melhor iluminação, um centro de recuperação e fisioterapia, uma concentração com 44 quartos… Queremos tudo pronto até dezembro.

Quem vai ao Allianz Parque já se deparou com as marcas de vocês no túnel inflável por onde entram os jogadores e até em um dirigível que sobrevoa a arena. Como surgem todas essas ideias?

Em geral, o Paulo Nobre nos procura com as ideias, todas com muito bom senso. Tanto que ainda não dissemos não para dele. Nunca existiu uma proposta sem pé nem cabeça.

Vocês já conseguiram retorno após tanto investimento? 

Está sendo ótimo. A Crefisa é uma empresa gigante há tempos, mas, mesmo assim, a exposição tem sido enorme. Para a FAM, está excelente. Triplicamos o número de alunos no vestibular do meio do ano, que é sempre o mais difícil.

Imaginava que suas empresas formariam a parceria mais rentável para um clube de futebol no Brasil?

O fato de ser o maior patrocínio também pode ter a ver com o fato de vários times estarem sem parceiros. Que a Crefisa sirva de estímulo para outras empresas, porque vale muito a pena investir no futebol.

Há chance de suas empresas patrocinarem outras equipes?

Não penso nessa possibilidade em um curto e médio prazo. Ainda mais nesta crise financeira que o Brasil vive. Não dá, até porque são valores altíssimos.

O quanto a escolha pelo Palmeiras tem a ver com o seu marido, José Roberto Lamacchia, fanático pelo clube?

Realmente, ele é palmeirense desde que nasceu. Veio do interior de São Paulo, de uma família muito simples, e virou palmeirense por causa de seu tio, Nicola, com quem ia a todos os jogos. Esse tio dizia: "Zé Roberto, se prepare porque você vai ver a seleção jogar".

Você era vascaína antes?

Minha família toda no Rio de Janeiro é vascaína, mas virei palmeirense, porque estou com meu marido há 31 anos e ele me passou toda essa paixão para mim. Desde que o conheci, já sabia que, se tinha jogo do Palmeiras, eu não passearia com ele. E é muito legal saber que ele se emociona ao ver o time do coração com as marcas da sua empresa estampadas.

Qual o objetivo da parceria?

O que queremos é abrir o jornal e ver a foto do Palmeiras campeão com a nossa marca estampada no peito. Vai ser um orgulho fenomenal. É o único interesse nosso. Vincular nossa marca a um time vencedor, fazer o Palmeiras voltar a ser campeão e deixar felizes 20 milhões de torcedores.

Pensa em ser presidente do Palmeiras?

Existiu muita especulação sobre isso, mas eu nem posso ser presidente agora. Acabei de me tornar sócia e o estatuto determina que o candidato precisa ter sido conselheiro por pelo menos dois mandatos. E tem outra: não tenho tempo para me dedicar à presidência do Palmeiras. Prefiro apoiar presidentes como o Paulo.

Falando em título, o Palmeiras tem time para ganhar a Copa do Brasil?

Tenho certeza de que dá para ser campeão. É verdade que o time tem dado alguns tropeços, mas ganha quando precisa. E, na Copa do Brasil, o título é bem viável. Em relação ao Brasileirão, tenho bastante esperança de terminar no G4.

Há algum prêmio estipulado nos contratos de patrocínio para o caso de título?

Não foi conversado, mas podemos, sim, discutir. Prêmios para os dois títulos, quem sabe. Eu, meu marido e 20 milhões de torcedores queremos muito.

Se o Palmeiras for à Libertadores do ano que vem, dá para sonhar em montar um time ainda mais forte, com vários nomes de peso?

Não gosto muito de sonhar. Prefiro realizar. Mas, no fim do ano, vamos sentar para conversar com o Paulo. E dá, sim, para imaginar um time mais forte para 2016. Nossa parceria não acaba com esses investimentos. Espero que ela seja eterna, desde que a administração do clube continue séria e com essa condução.

Você ou seu marido têm alguma interferência na escolha dos jogadores contratados ou na escalação do time?

Nenhuma. Quem falar isso estará mentindo. Não temos qualquer ingerência sobre nada disso. As poucas vezes em que falamos com o Marcelo Oliveira ou com os jogadores, foram nas visitas feitas à Academia.

Existe alguma chance de a Crefisa comprar o Allianz Parque da WTorre? 

Não. Chegamos à conclusão de que não vai compensar. Até porque existe uma crise absurda no país. Não posso investir numa coisa que não tenho certeza do retorno. E nem faço ideia do preço que custaria.

A política no Palmeiras costuma ser pesada. Alguma coisa falada por conselheiros ou diretores já irritou?

Nada, até porque meu contato é exclusivo com o presidente. E a conversa é sempre muito fácil com ele. Não tem estresse.

Existe algum jogador que você gostaria de contratar?

Aqueles que eu gostaria de ter já estão no Palmeiras. Nosso elenco é forte.

O Palmeiras só tem 30% dos direitos econômicos do Gabriel Jesus. Já cogitou comprar uma parte, para fazer o clube ter lucro maior em caso de venda futura?

O Gabriel Jesus é um espetáculo. Eu e o Brasil inteiro estamos encantados com o futebol dele. Inclusive, levamos ele para uma apresentação na FAM. Mas não tem nada conversado neste sentido. Quem sabe…

 

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Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.


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