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Alemanha estreia com vitória na Copa das Confederações. Mas, calma!

PVC

19/06/2017 13h37

A Alemanha tem um trilho definido desde 2004, seqüência de trabalho que transformou-se até em livro, Das Reboot – Como o Futebol Alemão reinventou-se. O 7 x 1 sobre o Brasil na semifinal da Copa multiplicou esta percepção no Brasil de uma maneira sobrevalorizada. É claro que a Alemanha é candidata a ganhar a Copa do Mundo de 2018, mas não venceu a Eurocopa, nem o Europeu Sub-23 desde 2009.

A seleção que começou a campanha na Copa das Confederações tem quatro vice-campeões olímpicos e seis sem passagem pelo time principal antes da convocação. É um exagero chamar de time B. Plattenhardt, Demirbay, Younes, Denme, Sandro Wagner e Stindl não tinham sido convocados ainda. Todos os demais, sim.

Kimmich ainda não se firmou como jogador de primeiro nível, mas é ótimo para jogar como zagueiro, volante ou lateral. Tem sido o lateral-direito titular depois da aposentadoria de Phillip Lahm. Não é igual. Rudy fez boa Olimpíada, joga pelo Hoffenheim, mas é um volante comum. Nada a ver com Khedira, Schweinsteiger e Toni Kroos.

Isto tudo se mostrou na estreia da Copa das Confederações, vitória por 3 x 2 sobre a Austrália, em Sochi. A Alemanha começou muito bem, graças a dois de seus melhores jogadores convocados para esta competição: Goretzka e Brandt. O outro talento, Draxler, jogou aberto pelo lado esquerdo, sem muito brilho.

Brandt é um ponta, que esteve na Olimpíada do Rio e tem facilidade para jogar pelos dois lados. Joga no Bayer Leverkusen, decepção da temporada da Bundesliga. Talentoso. Fez a jogada do primeiro gol, concluída por Stindl, atacante do Borussia Monchengladbach.

O sistema adotado por Joachim Löw foi o 4-4-2. Stindl jogava na frente da linha de quatro homens do meio-de-campo e quase ao lado de Sandro Wagner. Este, revelado pelo Bayern, fez parte da mais talentosa geração alemã das últimas décadas.

Quando venceu a Inglaterra na decisão do Europeu Sub-23 de 2009, estavam no grupo Manuel Neuer, Howedes, Boateng, Hummels, Khedira, Ozil, todos campeões mundiais no Maracanã, 2014. Também faziam parte do time Castro e Schmelzer, do Borussia Dortmund, e Sandro Wagner.

Hoje ele é importante no grupo. Pode ser o substituto de Mario Gomez, hoje no Wolfsburg, titular com Joachim Low quando ele quer um centroavante. No segundo semestre do ano passado, o centroavante foi Mario Gotze, afastado por questões de saúde. Contra a Itália, em amistoso no final do ano passado, Löw escalou um 3-4-2-1, com Goretzka e Gundogan como meias e Thomas Muller como avante mais infiltrado. Empatou por 0 x 0.

Draxler é um talento, mas disputou 17 partidas da temporada francesa pelo Paris Saint-Germain, pela Ligue 1, marcou quatro gols e deu um passe. É menos do que indica a perspectiva de que seja titular absoluto no meio-de-campo. Goretzka é muito bom. Faz parte da geração semifinalista do Europeu Sub-23 de 2015, que caiu contra Portugal na semifinal por 5 x 0 e contava com Ginter, Can, Kimmich, Younes, Leno e Demirbay, todos presentes na Copa das Confederações.

O planejamento não é novo para a Alemanha. Sempre foi assim. Inclusive no tempo em que o Brasil dava de ombros para a capacidade de se reinventarem, antes da crise, quando saíam de Beckenbauer e Gerd Muller, para Rummenigge e Hansi Muller. De 1974 a 1982, os times foram sempre brilhantes, mas a distância era do título para o vice.

A geração de Goretzka é excelente. Mas nem todo grande time vai ganhar tudo sempre. Calma! O jogo contra a Austrália mostra que a Alemanha é um dos times mais fortes do mundo, numa elite que tem dez seleções de níveis semelhantes. Quem vai ganhar a Copa? Pode ser Alemanha, Argentina, França, Espanha, Brasil… Difícil apontar outro, como Portugal, Inglaterra e Itália… Não acredito.

Mas o futebol está muito igual entre as seleções. Como já estava em 2014, quando a Alemanha venceu a Argélia na prorrogação e a França suando sangue por 1 x 0. Assim como venceu a Austrália por 3 x 2.

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Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

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O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.


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