La final del mundo foi o fim do mundo - River x Boca
PVC
24/11/2018 20h36
O palhaço mais famoso da Argentina se chama Piñon Fijo.
Desde o sábado, 24 de novembro, ele tem muitos concorrentes. Todos estavam no Monumental de Nuñez. Depois de duas horas e quinze de adiamentos sucessivos, com divulgações de cinco horários diferentes para realizar a partida que deveria ser a Final del Mundo, veio a notícia do adiamento.
Foi o fim do mundo!
Uma sucessão de decisões equivocadas desde que o ônibus do Boca Juniors foi atacado por um grupo de barra bravas do River Plate, na avenida Figueroa Alcorta, entrada dos ônibus.
Há reflexões graves a fazer. A primeira é de como o futebol argentino é refém das torcidas uniformizadas. Desde 2013, quando foi proibida a entrada de torcidas visitantes nos estádios da primeira divisão, houve 46 mortes. Podia ter havido uma outra morte no micro que levava os jogadores xeneizes.
A segunda reflexão é sobre a Conmebol. A promessa de que a Libertadores caminharia para se aproximar em termos de organização com a Champions League tornou-se a maior das piadas.
Piñon Fijo assinaria a palhaçada.
O Boca Juniors fez questão de evidenciar a gravidade da situação e dizer que não jogaria. Óbvia decisão para quem foi eliminado da Libertadores há três anos pela violência de sua torcida, na Bombonera. A mesma violência foi praticada no Monumental de Nuñez contra os boquenses.
O terceiro pensamento é que só na Argentina os jogadores são capazes de parar uma final assim. Por mais paradoxal que seja, por mais irresponsável fazer 60 mil torcedores esperarem duas horas e meia pelo adiamento, foram os jogadores que não quiseram jogar.
Os dirigentes queriam a final a qualquer custo.
Tévez deu a declaração mais sábia: "Os dirigentes estão nos obrigando a jogar." Também acusou os atletas do River Plate de não terem nem sequer ido ao vestiário para ver os colegas, demonstrar solidariedade. Então, os jogadores riveristas deixaram claro que também não queriam jogar. Como aconteceu na greve de 1948, na de 1949… Talvez só os jogadores unidos possam mudar a bagunça do futebol sul-americano.
O episódio de sábado não foi a final del mundo. Foi o fim dos tempos.
Sobre o Autor
Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.
Sobre o Blog
O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.