A Prefeitura finalmente mandou fechar o Ninho do Urubu. Finalmente, porque, na terça-feira, o Corpo de Bombeiros visitou as instalações e as manteve abertas, com observações a serem cumpridas.

E a Prefeitura do Rio, que não avisou quando veio o tornado e anunciou a tempestade que não chegou na quarta-feira (melhor prevenir do que remediar), mandou fechar o Ninho.

À parte os contêineres, indefensáveis porque pegaram fogo, as instalações do Ninho do Urubu são boas. Das melhores do Brasil.

Mas é justo que sejam interditadas agora. Houve um incêndio, dez pessoas morreram. Fecha! Quando terminar a perícia, quando o Corpo de Bombeiros determinar as melhorias, abre de novo. Por ora, fecha.

Mas há instalações boas. Como as do Athletico Paranaense, que não tem alvará.

Se há instalações boas, por que estão sendo fechadas agora?

Simples. Porque a vistoria sempre falhou.

Todo cidadão tem obrigação de cuidar de sua casa dentro da legislação. Mas ninguém recebe um código, nem é especialista em eletricidade, para saber se seu quadro elétrico está em ordem ou não.

No prédio onde vivo com minha família, em São Paulo, o Corpo de Bombeiros mandou retirar as latas de lixo dos saguões de serviço, porque não estavam de acordo com as instalações de segurança. Cumprido. Nunca soube que não podia, antes de avisarem aos moradores.

No edifício onde vivo, no Rio, por mais de vinte dias por mês, o carro não passa pela cancela, mas o bloqueio se abre quando dou marcha à ré. Há um ano, depois de uma tempestade tropical, os elevadores foram bloqueados pela água.

Há denúncias de que a Câmara Municipal do Rio não atende aos códigos da cidade. Das mais de mil escolas, apenas 120 estão de acordo com a licença do Corpo de Bombeiros. Há um ano, caiu um prédio no Largo do Paissandu, em São Paulo. Há seis meses, pegou fogo no Museu Nacional. Há três, no hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. Há uma semana, no Ninho do Urubu.

Vistorias nos Centros de Treinamento do Vasco, que pertence ao ex-empresário de Vágner Love, do Bangu, que pertence à Aeronáutica, às casas alugadas pelo Palmeiras, que abrigam atletas, aos centros de treinamento do América e do Cruzeiro, em Belo Horizonte… Tudo deu em falta de documentação ou de segurança.

Se visitar a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, vai acontecer a mesma coisa. Interdita.

O presidente da República não se chama Nero. Porque o Brasil é a único país do mundo onde há um presidente da República e três príncipes.