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De norte a sul, todos os lados da briga Flu, Vasco e Maracanã

PVC

17/02/2019 10h07

A desembargadora de plantão, Lúcia Helena do Passo, determinou o fechamento dos portões e devolução do dinheiro a quem comprou ingressos. Sua sentença, no entanto, pende para a interpretação do contrato feita atualmente pelo Consórcio Maracanã. A de que o Fluminense tem o direito de utilizar o setor sul, à direita das tribunas, nas partidas em que for mandante. Não era esta a interpretação do Maracanã na administração anterior e também não é a leitura do Fluminense do contrato. Nos nove clássicos Fluminense x Vasco desde a reinauguração, em 2013, todos tiveram tricolores do lado sul.

O trecho recortado acima é da liminar concedida pela juíza Lúcia Helena do Passo, que entende como premissa o Fluminense ser mandante.

A gestão anterior do Maracanã S/A pensava diferente. Ouvidos nesta manhã, dirigentes do passado recente entendem como casuística a leitura atual.

Qualquer decisão, no entanto, exigia que houvesse acordo. Especialistas em tomar sempre as piores decisões para o futebol brasileiro, os dirigentes do futebol do Rio de Janeiro conseguiram fazer o domingo amanhecer sem saber se os portões abrirão ou ficarão fechados. Medida ainda mais devastadora do que quando a prefeitura previu um dilúvio na quarta-feira (13), a federação convidou os torcedores a não irem ao Maracanã, que ficou vazio e seco na semifinal Vasco 3 x 0 Resende.

A decisão da Taça Guanabara é um fiasco.

Entender por que o Maracanã passou a ter outra interpretação do contrato, avalizada pela juíza Lúcia Helena do Passo, exige conhecer os passos recentes. O Maracanã tenta acordos pontuais com todos os clubes e fazer o máximo de eventos possível no estádio. O Vasco está convidado a jogar no ex-maior do mundo. O Botafogo também. É justo voltar atrás e lembrar que na licitação, em 2013, a premissa era ter pelo menos dois clubes sob contrato. Flamengo e Fluminense tomaram a frente. Mas o texto também falava em atender aos times do Rio de Janeiro.

Some-se a isso o regulamento do campeonato definir por sorteio o Vasco como mandante. Também o litígio entre Fluminense e Maracanã. Se o Fluminense está inadimplente, não está cumprindo sua parte do acordo. Logo, o Maracanã não sai em sua defesa, como fez na administração anterior. Usa o anexo 5 do contrato como argumento. Porque o texto é, de fato, ambíguo, ao permitir a mudança de lado da torcida tricolor quando o Fluminense não for mandante.

O texto integral diz: 'Nas partidas oficiais, contra quaisquer outros dos principais clubes do Rio de Janeiro, a torcida do FLUMINENSE acessará e se posicionará no setor SUL do Estádio (lado UERJ), em sua integralidade, através das entradas, acessos e rampas correspondentes e disponíveis para esse setor, salvo haja ordem expressa em sentido contrário por parte de: (i) Órgãos Públicos especificamente por questões de segurança; (ii) salvo acordo expresso entre o FLUMINENSE e a equipe visitante; e (iii) nos casos em que o Fluminense for visitante, a CONCESSIONÁRIA poderá, para fins comerciais, mediar acordo entre o FLUMINENSE e o clube mandante, resguardados os direitos do FLUMINENSE previstos neste contrato."

O Maracanã se apega à chance de mediar acordo com o clube mandante, o Vasco. O Fluminense lê a parte sobre resguardar seus direitos. Posta a ambiguidade, prevaleceria o bom senso.

Como ele não joga no Campeonato Carioca, a derrota é do futebol.

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Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

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