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Avallone foi muito mais do que uma mesa redonda

PVC

25/02/2019 10h52

O Estadão não circulava às segundas-feiras.

Dito assim, parece pré-história. Não só porque o maior jornal de São Paulo e um dos maiores do país nos anos 1970 não chegava às bancas no primeiro dia útil da semana. Mas porque fazia falta ter de um diário impresso, em papel, sujando as mãos de cada cidadão.

Só não se sentia mais falta do Estadão, porque o Jornal da Tarde, que faltava nas bancas de domingo, chegava na segunda com o mais espetacular caderno de esportes de que se tinha notícia.

Lá pelos dez anos de idade, eu esperava a chegada do impresso à minha casa, só no retorno do meu pai do trabalho, pelas 20h. Deitado no chão, devorava o JT, com os desenhos dos gols pela dupla Gepp & Maia, as notas de cada jogador dos jogos de domingo, a coluna do Alberto Helena Jr, os textos do Avallone.

Mais tarde, depois de o Alberto Helena mudar de endereço para a revista Placar, Avallone herdou a coluna sobre futebol.

Avallone partiu na manhã desta segunda-feira (25), justamente no aniversário do título brasileiro do São Paulo de Careca, sobre quem dizia ser "o melhor centroavante brasileiro dos últimos 30 anos." Como dizia isso em 1987, lá se vão mais 32.

O Jornal da Tarde deixou de circular em 2012, mas fez o país se deliciar com suas coberturas especiais e com jornalistas relevantes. No esporte, além de Roberto Avallone e Alberto Helena Jr., citados, Vital Battaglia, Sergio Baklanos, Castilho de Andrade e outras gerações como as de Luis Antonio Prósperi, Luiz Augusto Monaco, Cosme Rímoli, Vinicius Mesquita, André Rizek.

Lembramos de Avallone pelas mesas redondas, do apimentado dia em que Milton Neves foi lhe tirar satisfações, dos debates com Chico Lang, de ser imitado pelo Paulo Bonfá e Marco Bianchi, ao dizer que "no próximo bloco, mais Palmeiras…"

Avallone foi muito mais do que o folclore permite supor. A história do jornalismo esportivo brasileiro fica um pouquinho mais triste nesta segunda-feira.

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Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

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O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.


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