Jorge Sampaoli tem dado lições de futebol ofensivo todos os dias.

Trabalhado seu time para, em situações limite, jogar no mano a mano. Acima disso, monta a equipe para ser dominante. Impor seu estilo ao adversário, com intensidade e trocas de passes velozes. Quando não dá, vai também no volume de jogo, razão pela qual o Santos foi o time de maior número de cruzamentos no Campeonato Paulista.

Sampaoli deu outra aula, desta vez, teórica, no seminário Somos Futebol, promovido pela CBF. Na palestra de abertura, segunda-feira (22), falou sobre cultura do futebol. Não separou o Brasil de outros países sul-americanos, que considera estarem perdendo sua principal característica, a da busca do gol.

Seu exemplo sobre o futebol brasileiro é da arquibancada. Segundo ele, a torcida não tolera uma bola recuada para o goleiro, mas aplaude os chutes para fora do estádio.

Embora o exemplo seja uma hipérbole, Sampaoli tem total razão no conceito. A falta de jogo de equipe do futebol brasileiro é cultural. Semana passada, depois de este blog publicar o vídeo do repórter do Esporte Interativo, Arthur Quezada, com o técnico alemão Jurgen Klopp, muita gente disse que o treinador do Liverpool disse o que todo mundo diz aqui. Meia verdade. Porque muitos dos que repetem o pedido por trabalhos de longo prazo pedem a saída de técnico quando os times perdem três vezes seguidas.

Sampaoli toca na cultura da arquibancada. O problema é geral. Torcida, imprensa, dirigentes, jogadores convivem há décadas com a preferência dos choques, do elemento novo, quando chega um treinador recém-contratado. Apostamos mais nisso do que na correção pelo trabalho, no acerto do dia-a-dia, na aposta em médio prazo.

Para o ciclo vicioso tem de virar virtuoso, parece necessário criar regras para mudar. Como impedir que técnicos troquem de clubes num mesmo campeonato para times que disputam o mesmo certame.

A CBF promove o seminário Somos Futebol pela terceira vez. Importante demais. Desde os 7 x 1, este blog pede que se discuta o futebol, como se faz em outros países. Ainda falta trazer Pep Guardiola. Mas Sampaoli já é uma aula.