Comissão de arbitragem vai mandar lance de Willian para análise da Fifa
PVC
01/10/2019 09h57
A comissão de arbitragem da CBF pretende enviar para análise da Fifa as imagens do gol anulado de Bruno Henrique, depois do toque de mão de Willian.
O procedimento não é incomum, mas será usado desta vez pelo ineditismo do lance. Desde 1 de junho, a Fifa indica que seja marcada irregularidade, quando a bola tocar a mão de um atacante em jogada de gol.
Na defesa, a recomendação continua sendo de interpretação nos casos de toques na mão.
Ocorre que, no Beira Rio, Willian só tocou a mão na bola, porque recebeu falta do zagueiro Klaus, do Internacional. A interpretação de que houve falta também existiu para o árbitro Bráulio da Silva Machado, que indicou vantagem para o Palmeiras. É isso o que, supostamente, torna o lance inédito, depois da criação da nova regra.
"Neste campeonato, eu já enviei para a Fifa cinco ou seis jogadas para análise", diz o presidente da comissão, Leonardo Gaciba. Ele faz questão de frisar isto para deixar claro que não se trata de um procedimento exclusivo para Internacional x Palmeiras.
Não é o caso de reavaliar a marcação do árbitro Bráulio da Silva Machado, do domingo passado. Ele acertou e esta é a avaliação da CBF, apenas com a ponderação de o jogo deveria ter sido reiniciado com falta para o Palmeiras, não para o Inter.
Trata-se aqui de analisar se a nova regra pode ter exceções no futuro.
O ex-árbitro e atual comentarista do FOX Sports, Carlos Eugênio Símon, tem usado um exemplo de uma hipotética jogada, para mostrar como há erro na adoção de critérios diferentes para o uso da mão no ataque ou na defesa. Segundo Símon, se um zagueiro, com a mão grudada no peito, bloquear um chute em sua grande área defensiva, a jogada será considerada normal. Se, no entanto, no repique da bola, der um chutão e acertar o gol do outro lado do campo, a jogada deverá ser invalidada, pela regra nova. Neste caso, o jogador teria funcionado como defensor, ao bloquear com a mão grudada ao corpo, e como atacante, ao fazer o gol com o chute longo.
Na origem das 17 regras, em Cambridge, 1863, nem sequer havia árbitro e os capitães decidiam as jogadas polêmicas. A interpretação e o fair-play estão no espírito da regra. Determinar que todo toque na mão de um atacante deve ser marcado como falta é violentar a origem do jogo, apenas para facilitar a vida de árbitros.
Sobre o Autor
Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.
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