O incômodo de Sampaoli que pode fazê-lo sair do Santos e não é a multa
PVC
01/11/2019 03h59
A informação que vem do Conselho Gestor, do Santos, é de que a multa de R$ 10 milhões não foi retirada do contrato de Jorge Sampaoli. Ele tem de fato um incômodo com isso, sente que não tem de permanecer ou sair por causa de um aprisionamento gerado por uma cláusula financeira. Mas o que mais o incomoda na Vila Belmiro não é essa cláusula. A questão é de confiança.
Paulo Autuori tem ajudado muito em sua relação com a diretoria e já houve até reunião amigável entre o técnico e o presidente José Carlos Peres. Há dois meses, os problemas eram mais graves. Mas o ponto crucial é justamente ter passado dez meses ouvindo planos do presidente que se desfaziam no dia seguinte, porque o dirigente máximo do Santos não conseguia honrar o que tinha combinado ou simplesmente mudava de ideia.
Não é uma exclusividade de Sampaoli duvidar da palavra de José Carlos Peres. Muito mais gente revelou, desde seu primeiro dia de mandato, que o combinado de noite não vale de manhã e vice-versa. Daí a desconfiança. Sampaoli pediu jogadores, foi atendido em alguns casos, deixou de escalar alguns de seus prediletos, como Uribe e Cueva, e também é cobrado. Pior é a sensação de que se o presidente prometer um time competitivo não será possível confiar.
Além disso, Sampaoli deseja ter um time que o ajude a brigar por ser campeão. O Santos tem feito o discurso de que os planos serão mais modestos em 2020 do que foram em 2019, por questões econômicas. Mesmo que seja assim, se Sampaoli entender que pode confiar no que o presidente diz e que poderá montar um time competitivo, ele tem chance de ficar.
Hoje, a chance é pequena. Mas não é pela multa nem pela perspectiva de ter um time do mesmo nível deste ano. É porque Sampaoli, como muita gente na Vila Belmiro, não consegue acreditar no que o presidente diz.
Sobre o Autor
Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.
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