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Coluna do PVC

Mario Gobbi diz que entrega Corinthians melhor do que recebeu

PVC

20/01/2015 06h00

O presidente do Corinthians campeão da Libertadores deixa o cargo no próximo dia 7 de fevereiro. Evita dizer quem é o melhor presidente de todos os tempos e qual sua posição neste ranking. Evita dar entrevistas. Mas no provável último pronunciamento exclusivo, garante que deixa o Corinthians melhor do que recebeu de Andrés Sanchez. E afirma: "Ex-presidente tem de ter postura discreta!".

PVC – Você vai deixar o Corinthians melhor, igual ou pior do que recebeu?
GOBBI – Vou deixar melhor do que recebi. Primeiro porque fomos campeões da Libertadores, mundiais e da Recopa. O Corinthians é um clube mais conhecido internacionalmente, fez seu estádio e remodelamos o clube social. Fora isso, fizemos a estrutura das divisões de base e estamos começando a ter frutos, como Malcom e Tocantins. Fora os jogadores da Copa São Paulo atual, um time que poderia promover os onze titulares. Nas divisões de base, ganhamos 31 títulos em três anos. Estamos fazendo a terraplanagem do CT da base que em alguns dias estará pronto para receber o plantio da grama.

PVC – Mas você deixa com dificuldades financeiras graves. Falta dinheiro para contratar jogadores. Por quê?
GOBBI – De 2011 para cá, o Corinthians montou uma seleção de craques. Time ganha títulos todos os anos desde 2008. É óbvio que nós aumentamos os salários e os prêmios, aumentamos nossas despesas. A coisa ia bem até o Mundial. No Japão, perguntamos o que queríamos e decidimos manter o patamar de brigar por Libertadores e outro Mundial. Para isso contratamos três jogadores: Gil, Pato e Renato Augusto. Então veio a Libertadores e fomos vítimas da morte de um torcedor e o sistema não permitiria que ganhássemos o torneio. Então veio o jogo com o Boca, a eliminação da Libertadores e nossa receita diminuiu. E no ano passado fomos vítima de uma ação penal por impostos. Fomos o único time no Brasil a sofrer com isso (nota – o Corinthians precisou pagar R$ 50 milhões de impostos atrasados quando Andrés Sanchez, Raul Corrêa e Roberto de Andrade foram processados na pessoa física no meio do ano passado). Em 2015, vamos ter um ano difícil, rígido, seguro. Mas receitas que teremos em 2016 me dão a certeza de que voltaremos com muita força.

PVC – Você acha possível ganhar a Libertadores com o time atual?
GOBBI – Acho possível. Fomos campeões do segundo turno do Brasileirão com um time montado, com padrão de jogo. Precisamos de quatro ou cinco peças experientes para dar opções táticas ao técnico. Elas estão chegando.

PVC – O Corinthians terá de pagar R$ 100 milhões neste ano. O Raul Corrêa diz que o valor é menor. Qual é o valor da dívida com o estádio e sem o estádio incluído?
GOBBI – Não tem de pagar R$ 100 milhões! Não tem de pagar R$ 100 milhões! Não existe isso!

PVC – Mas você sabe o valor da dívida?
GOBBI – Você tem de perguntar para o Raul. Eu sou péssimo de números. Mas o estádio tem o fundo, um valor separado. O estádio tem a conta dele. E vai se pagar com a receita das rendas, com os Cids da prefeitura, com os restaurantes que vão ficar prontos, com as lojas, o shopping Center que vai funcionar lá. A dívida está equacionada.

PVC – Em quem você vai votar?
GOBBI – Meu candidato se chama Roberto de Andrade.

PVC – Mas você teme pelo projeto se ganhar outro candidato?
GOBBI – Não temo pelo projeto. Acho que os dois lados querem o bem do Corinthians e seguirão com o projeto que temos. Houve uma fusão de dois grupos opositores e isso pode fortalecê-los. No Corinthians não tem eleição fácil.

PVC – O que você vai fazer no dia 8 de fevereiro?
GOBBI – No dia 8 de fevereiro, vou resolver com minha mulher. Posso tirar férias ou voltar para o meu trabalho e tirar férias mais para a frente. Mas vou cuidar da minha saúde. Engordei vinte quilos, minhas taxas estão altas e preciso me cuidar por recomendação médica.

PVC – E no dia da final da Libertadores, se o Corinthians estiver lá?
GOBBI – Vou estar na minha casa vendo o jogo pela televisão. Acho que quem foi presidente tem de ter postura discreta. Falar só se for chamado. Manter-se respeitosamente com quem está na condução do clube, a não ser que seja chamado a participar.

Sobre o Autor

Paulo Vinicius Coelho é jornalista esportivo, blogueiro do UOL, colunista da Folha de S. Paulo. Cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018) e oito finais de Champions League, in loco. Nasceu em São Paulo, vive no Rio de Janeiro e seu objetivo é olhar para o mundo. Falar de futebol de todos os ângulos: tático, técnico, físico, econômico e político, em qualquer canto do planeta. Especializado em futebol do mundo.

Sobre o Blog

O blog tem por objetivo analisar o futebol brasileiro e internacional em todos os seus aspectos (técnico, tático, político e econômico), sempre na tentativa de oferecer uma visão moderna e notícias em primeira mão.